A m…. noticiosa que consumimos

  Acordámos cedo ao rufar da chuva que, a menos de uma semana do início do Verão, nos traz algumas surpresas neste ecossistema de tão ultrajado, todo descompensado. As rotinas: o copo de água com umas gotas de limão; a malga de café frio; o computador a funcionar: ler os emails, responder, arquivar, descartar. Dar […]

  • 7:32 | Quarta-feira, 15 de Junho de 2016
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Acordámos cedo ao rufar da chuva que, a menos de uma semana do início do Verão, nos traz algumas surpresas neste ecossistema de tão ultrajado, todo descompensado.
As rotinas: o copo de água com umas gotas de limão; a malga de café frio; o computador a funcionar: ler os emails, responder, arquivar, descartar. Dar uma vista de olhos pelo que vai por aí em “notícias de última hora”…
Ao acaso, seleccionámos um quarteirão de títulos. Por eles percebemos melhor o” jornalismo” que temos e a notícia que se transmutou ou travestiu de tal forma que se tornou não o acontecimento em si mas, antes, o “amuse bouche” que o público quer ler.
E ao percebermos a elementaridade deste facto, se cavarmos um pouco mais fundo, constatamos que, na maior parte das vezes, o título é um chamariz sugestivo – como mandam as regras – mas que a correspondência com o conteúdo da notícia ou a expectativa por ele criada é nula. Tratou-se de um mero artifício enganador.
Por outro lado, a procissão de frivolidades é a amostra acrítica do leitor. Continuamos a ter, maioritariamente, o consumidor-Maria, o leitor da “pressepipole” como dizem, gozando, os franceses acerca de certa britishpress.
Talvez a realidade seja demasiado chocante e haja, a nível de inconsciente, uma natural aversão ao real sério. Ou provavelmente, a acefalia típica do destinatário faz dos “jornalistas” uma trivial esferográfica-metralhadora a disparar balas cor-de-rosa.
Entretanto e por falarmos em “jornalistas”, ainda estamos à espera de saber pelos “colegas” quem são aqueles que estavam envolvidos no escândalo dos “Panamá Papers”.
A notícia séria, hoje apropriada por meia dúzia de manipuladores, recobre-se com a cosmética do “fait-divers” oco, desprovido de conteúdo, socialmente irrelevante e afastador da realidade que compete e convém esconder pelas exigências dos manipuladores da opinião.
Ora aqui se deixam à consideração do sapiente leitor:
 
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