Quantas vezes ouvimos dizer que nas penitenciárias se vivem momentos de tensão, de violência, de confrontos, de agitação, de sublevação…?
As prisões têm como “moradores” detidos condenados e os guardas prisionais que delas tomam conta.
São centenas de indivíduos confinados a um espaço fechado, murado, partilhado, por vezes exíguo.
Admiramo-nos de, por vezes, eclodir a violência?
Os portugueses estão, em geral, restringidos ao espaço da sua moradia. Têm a porta aberta para sair. Vão à rua fazer suas compras essenciais, dão o seu passeio diário, passeiam os animais de estimação… Não estão confinados há anos, estão-no há dois meses e, porém…
Começamos a ver com frequência desaguisados familiares, exaltações descabidas nas redes sociais, irritações diversas, controvérsias a esmo, muita agitação.
Talvez tal nos sirva para uma pequena reflexão sobre o inquantificável valor da Liberdade.
A liberdade de sermos cidadãos livres, sem repressões nem opressões, mas também a liberdade de sabermos que hoje, no contexto especial que vivemos, a liberdade é acima de tudo o respeito pelo “outro”. Um valor que ultrapassa a singularidade de cada cidadão e se centra na integridade do colectivo. Um acto de cidadania comunitária.
A liberdade chama-se hoje, também, respeito e consciência do risco. Percebermos que o incumprimento de regras que a ninguém agradam mas a todos servem, é fundamental para entendermos que a perda temporária de certas liberdades é o cimento para a cabal liberdade futura de todos nós.