“A história de sua ruína |Roma| é simples e óbvia; e, em vez de indagar os porquês da destruição do Império Romano, deveríamos ficar um pouco mais surpresos sobre como ele durou por tanto tempo. As legiões vitoriosas, que, em guerras distantes, adquiriram os vícios de estrangeiros e mercenários, primeiro oprimiram a liberdade da república, depois violado a majestade da dignidade real. Os imperadores, ansiosos pela sua segurança pessoal e a paz pública, foram reduzidos ao expediente de corromper a base da disciplina que lhes rendeu a sua formidável soberania e ao seu inimigo; o vigor do governo militar estava relaxado e, finalmente dissolvido, pelas instituições parciais de Constantino; e o mundo romano foi esmagadopor um dilúvio de bárbaros.”
—Edward Gibbon, O Declínio e Queda do Império Romano, “Observações gerais sobre a queda do Império Romano no Ocidente”
Nada como um sossegado domingo de manhã para dar uma volta pela cidade de Viseu, centro histórico e espaços adjacentes, para percebermos que em Viseu se respira um ambiente de plácida decadência, disfarçado de irrupções de faz-de-contas-que faz-mas-não-faz, aqui e além com algumas pseudo obras, obras paradas disfarçadas com telas azulinhas, calçadas escavacadas – quando as lajes que as calçam estão mais oscilantes que uma montanha russa – um ar de desleixo omnipresente, em suma, para lá da apatia dos viseenses, habituados aos tratos da polé por parte das sucessivas gestões autarcas, uma desvirtuação do existente sem que esteja à vista alternativa que lhe (nos) valha.
E tanto foi prometido… Será que ainda vem?
Até há uma (mais uma, pois é preciso criar emprego) entidade responsável, uma tal de SRU ou Viseu Novo (o nome é catita) cuja página net está em manutenção há muito tempo, aliás como as obras por ela empreendidas e que agora vai passar para as instalações do Banco de Portugal. O dinâmico senhor Marques merece…
Ademais estão para chegar os buracos para os silos auto, Saba também agradece, que além de porem todos os viseenses a contribuir para uma multinacional espanhola, ainda deixarão uns trocos para as “exuberâncias turístico-culturais” do senhor Sobrado. Pode ser que com tanta escavada “mina” ainda descubram petróleo…
Os autarcas-mor, António & Jorge estão por Frankenberg, disse-se que a representar Viseu numas festas folclóricas. Ainda bem. Pena é não ficarem por lá um ou dois anos a deleitar-se com wurst, sauerkraut e oettinger.
Entretanto, ali para os lados da Vissaium incuba-se ou encuba-se, embora o primeiro queira significar “chocar ovos ou ser portador de um vírus em estado latente” e o segundo signifique “colocar numa vasilha, envasilhar”. Mas provavelmente, quererá significar outra coisa que nos transcende, por assumida ignorância.
Ao que se diz gastam-se aos milhares e não se consegue chegar ao investimento (ou “empate”) dos anunciados 4.9 milhões de euros anunciados para uma associação de desenvolvimento regional.
Onde é que já ouvimos isto? Ah… na Lusitânia, extinta na AIRV há bem pouco tempo e que foi, como todos sabemos, uma ADR.
Começámos com a decadência do Império Romano, e nem sabemos porque nos lembrámos disso, talvez pelas faustosas festas a Baco, pela imagem que nos acudiu de Roma a arder (Nero terá sido um pirómano atilado), ou pela invasão dos bárbaros.
Coisas da História que por vezes nos recordam que ela é uma “chata”, com o hábito de se repetir, na adaptação a neo-contextos, mas persistindo teimosamente na matriz…
Paulo Neto