O Papa Francisco, no seu incontestável humanismo e durante a sua visita a Chipre, recebeu jovens migrantes fugidos dos seus países de origem, onde a violência, a tortura, a opressão, o sofrimento, a miséria… criaram um clima vivencial dramaticamente insuportável que leva estas muitas dezenas de milhares de cidadãos a buscar na Europa o seu porto de abrigo e o direito à vida, à dignidade e à liberdade.
Pungentes os testemunhos em 1º pessoa desses 40 jovens, a falarem directamente para o Papa, a expressarem o seu calvário, o seu tormento. Francisco, no seu discurso, emocionado, chamou àquilo que hoje se vive “Cultura da indiferença”. E é essa indiferença aquilo que os milhões de europeus demonstram perante esta inenarrável desumanidade.
De pior forma reagem alguns políticos que fazem dos refugiados ou daqueles em busca de refúgio bola de ping-pong para malevolamente deles se servirem e se servindo atingirem os seus nefastos objectivos, nesta geoestratégia política do MAL.
Provavelmente, nós, os refastelados europeus, na comodidade remansosa e pacífica do nosso quotidiano, tendo esquecido o conceito de solidariedade, muito agastados e admirados ficamos por reacções e manifestações de violência por parte destes quase suprimidos migrantes.
O ódio, ao invés do acolhimento e da afectiva inserção e inclusão social, pode ser a possível e plausível resposta num futuro próximo.
Quantas vezes terá o bom cristão de dar a outra face, quando esbofeteado? E se ao invés de uma bofetada, receber sucessivamente agressões e no rosto receber a fome, o frio, os murros, os jatos de água gelada, o vil escorraçamento, a repulsão, a exclusão, a miséria, a morte? Sobrará ainda outra face?
“Do rio que tudo arrasta se diz que é violento, ninguém diz violentas as margens que o comprimem.” B. Brecht.
Fotos DR)