A Convenção de Ventura

No rescaldo do evento, em entrevista à SIC, Ventura voltou a falar de demissão. Desta feita acerca das presidenciais foi peremptório: “Se ficar atrás de Ana Gomes e Marisa Matias demito-me.”

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  • 10:43 | Segunda-feira, 21 de Setembro de 2020
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A IIª Convenção do Chega decorreu em Évora com a presença de meio milhar de participantes.

Com slogans do tipo “Évora disse Chega”, à terceira tentativa, Ventura conseguiu aprovar a sua lista de nomes para a direcção do partido. Não sem alguma dramatização, bem encenada apesar do improviso, num discurso de muito “eu”, orquestrado e pontuado com silêncios à mistura (um deles teve dois minutos) e com a mensagem de ameaça de uma possível demissão se a lista não fosse aprovada.

Ao colocar os militantes presentes perante essa hipotética situação, o canal televisivo mostrou a imagem de um apoiante a lançar ambas as mãos à cabeça, num gesto de simbólico desespero. E esta imagem valeu por mil palavras…

No rescaldo do evento, em entrevista à SIC, Ventura voltou a falar de demissão. Desta feita acerca das presidenciais foi peremptório: “Se ficar atrás de Ana Gomes e Marisa Matias demito-me.”


Num partido de 1ª pessoa, centrado na imagem e discurso do seu líder, Ventura inaugura uma retórica nova para enfrentar os obstáculos: Se não for como eu quero eu saio. E está bem, faz jus a uma putativa autocracia egocêntrica, passe a tautologia, que ressalta do partido de “um homem só”, espécie de D. Sebastião, quatro séculos depois de Alcácer-Quibir, a trazer aos portugueses a messiânica palavra da salvação…

Será?

 

(Foto DR)

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Publicado em Editorial