A circunstancial hipocrisia…

Talvez esta presciência sobre “demoras” tenha gerado, há dois anos, na comissão parlamentar para o efeito criada, as humorísticas e escandalosas respostas dadas pelo imune “empresário” devedor. Que se esqueceu que estava ali como devedor de mil milhões e não como um Herman de serviço.

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  • 13:33 | Quarta-feira, 30 de Junho de 2021
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Durante meia dúzia de dias, se tanto, vamos ter parangonas de Joe Berardo. É normal, contém conteúdos sumarentos, agora que Portugal baqueou no futebol e deixou a presidência rotativa da EU.

Nenhum português medianamente informado desconhecia que Berardo era um dos mega devedores à banca, banco público incluído. Uma dívida de mil milhões de euros é insuportavelmente ruidosa.

E porém, se milhões de portugueses sabiam da sua existência, a Justiça, talvez por ter os olhos vendados, tardou a vê-la. Ou então, em benefício de dúvida, viu-a mas – nestas coisas há sempre um ou vários “mas” – dada a complexidade do processo e a falta de meios para os investigar (é assim que se justificam impunidades e prescrições) a investigação durou para aí uma década, ou mais.

Talvez esta presciência sobre “demoras” tenha gerado, há dois anos, na comissão parlamentar para o efeito criada, as humorísticas e escandalosas respostas dadas pelo imune “empresário” devedor. Que se esqueceu que estava ali como devedor de mil milhões e não como um Herman de serviço.


Daí que, perante o gozo que o Senhor Comendador de pelo menos duas comendas deu aos deputados e ao país em geral, Justiça incluída, esta se visse compelida a agir, como é de sua cabal competência.

Deteve-se o homem e seu advogado-amigo-conselheiro. Constitui-se arguido o chefão da CGD à época. O país ficou suspenso.

Berardo, desta feita a dormitar no calabouço, segundo outro dos seus advogados, está “sereno”. Eu não estaria. O leitor não estaria. Mas seremos casos típicos de cidadãos tementes da Justiça. Talvez Berardo seja um caso atípico ou então, esteja ciente de que em breve estará em liberdade para usufruto pleno da sua bilionária fortuna que é, em derradeira instância, de todos nós.

 

(foto DR)

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Publicado em Editorial