A balcanização do PS

No parlamento repetem-se as inconsequentes moções de censura e tergiversam-se em ruidoso ziguezague as audições parlamentares dos políticos envolvidos. Quer-se ouvir o primeiro-ministro que manda falar por ele, como uma inábil ventríloqua, Ana Catarina Mendes, que nada traz ao debate de substantivo. Ouvem-se desculpas engasgadas, justificações pífias, explicações equívocas. Qualquer dela trazendo mais um nó ao nagalho em vez de soltar o fio.

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  • 19:04 | Quarta-feira, 04 de Janeiro de 2023
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António Costa e o XXIIIº governo constitucional que lidera começam muito mal 2023.

Apesar de ter conquistado nas urnas uma maioria absoluta que lhe dá a magna confiança política de 41,37% de votos dos portugueses, com a eleição de 120 deputados, este governo teve um ano de 2022 para esquecer e entra no novo ano com o pé esquerdo.

A saída de Pedro Nuno Santos do ministério das Infraestruturas e Habitação, seguido, a seu pedido, do Secretariado Nacional onde são tomadas as grandes decisões políticas, mostra um Partido Socialista em desagregação, fracturado, num processo de balcanização interna fratricida.


Delineadas as facções, começa a contagem discreta das carabinas, olhos postos na sucessão, quando a António Costa resta uma equipa pouco relevante, com dossiers “pesados” em mãos, agitada por sucessivos escândalos, por constantes demissões, receosa, incapaz de comunicar com o país e de dissipar as grandes dúvidas que o ensombram, nomeadamente acerca do famigerado “TAPGate” e daquela secretária de estado de má memória.

No parlamento repetem-se as inconsequentes moções de censura e tergiversam-se em ruidoso ziguezague as audições parlamentares dos políticos envolvidos. Quer-se ouvir o primeiro-ministro que manda falar por ele, como uma inábil ventríloqua, Ana Catarina Mendes, que nada traz ao debate de substantivo. Ouvem-se desculpas engasgadas, justificações pífias, explicações equívocas. Qualquer dela trazendo mais um nó ao nagalho em vez de soltar o fio.

Hoje, olha-se para a fotografia de conjunto de ministros e secretários de estado e fica-se, no geral, com a ideia de uma equipa de futebol da IIIª divisão nacional, composta por jogadores suplentes, temerosos do apito do árbitro – Marcelo Rebelo de Sousa –  sem “coach” que os comande com determinação e sem capitão de equipa com pernas para o relvado.

E tal quando António Costa tem tudo na mão para dar positivo “show”, tendo optado por um cada vez mais insosso espectáculo, onde os “artistas” se seguram no trapézio com unhas e dentes, olhando constantemente para baixo a ver se a rede está bem esticada.

 

Uma maioria absoluta, um presidente da República adjuvante, uma oposição débil, milhares de milhões para o Plano de Recuperação e Resiliência (PPR) que tem a red line em 2026 e visa repor o crescimento económico sustentado… são factores fundamentais para uma história de fim feliz. Mas não é o que vemos, antes percebemos um primeiro-ministro com pouca garra, fatigado de tanta “trica”, despovoado em seu redor de peso-pesados e sem chama para dar prossecução ao percurso há sete anos iniciado.

Com um panorama económico minado por uma galopante inflação, perda do poder de compra, descontentamento crescente dos portugueses, sindicatos na rua, sucessivas paralisações, nos transportes, nas Escolas, na Saúde, este cenário global requer determinação, empenho, capacidade de diálogo e… passaria bem sem a inevitável emergência de uma noite de facas longas de desfecho imprevisível.

 

(Fotos DR)

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