Sernancelhe festeja o seu Dia e a sua antiguidade
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Amen. Eu, Egas Gudesendiz, juntamente com os meus filhos e filhas, eu, supranominado Joane Venegas honrei-vos pela boa vontade de paz a fim de vos fazermos homens de Sernancelhe (Cernonceli) nesta carta que edifica aqueles que o habitam, e que os torne iguais.
O 3 de maio é o dia de Sernancelhe, concelho detentor de dois forais, sendo o primeiro anterior à nacionalidade portuguesa (1143), pois foi concedido por Egas Gudensendiz que, segundo Júlio Rocha e Sousa, era “notável homem rico de Riba Douro e de Sernancelhe e suas terras, que as teria herdado da sua primeira mulher Unisca Viegas prima de Egas Moniz.”
Este foral data de 26 de Outubro de 1124 e foi posteriormente confirmado por D. Afonso II.
O segundo foral foi concedido pelo rei D. Manuel a 10 de fevereiro de 1514.
No final do reinado de D Afonso Henriques havia 54 concelhos dotados de foral.
Segundo a Wikipédia: “Uma carta de foral, ou simplesmente foral, era um documento real utilizado em Portugal, que visava estabelecer um concelho e regular a sua administração, deveres e privilégios. A palavra ‘foral’ deriva da palavra portuguesa “foro”, que por sua vez provém do latim ‘forum”.
Os forais foram concedidos entre o século XII e o XV. Eram a base do estabelecimento do município e, desse modo, o evento mais importante da história da vila ou da cidade. Era determinante para assegurar as condições de fixação e prosperidade da comunidade, assim como no aumento da sua área cultivada, pela concessão de maiores liberdades e privilégios aos seus habitantes.”
Estas histórias da nossa História é mais um motivo de orgulho para Sernancelhe pela antiguidade do seu reconhecimento.
Curiosamente, o documento redigido em latim, assim se abre, na tradução para português:
“Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Amen. Eu, Egas Gudesendiz, juntamente com os meus filhos e filhas, eu, supranominado Joane Venegas honrei-vos pela boa vontade de paz a fim de vos fazermos homens de Sernancelhe (Cernonceli) nesta carta que edifica aqueles que o habitam, e que os torne iguais. É este o foro.” (Et hoc est foro) (…) e assim se termina “Que algum senhor que deseje roubar-vos os próprios foros seja excomungado e afastado da fé de Cristo e que não tenha nenhum lugar a não ser com Judas traidor.”
A título de memória deixo fotografia tirada em Vila Nova de Paiva, 1975, com Júlio Rocha Sousa (à esq. recém-falecido), o autor do livro supra identificado, José Nogueira Martins (centro) e o autor destas linhas (à dta.)…