Mittere in bannum Ou a privilegiação do território

E a recompensa, no coalho do leite caprino, na rudeza do pão ázimo e na paz restabelecida, era o ouro de todos os galeões chamados por neptuno à sombria algidez dos eternos lodos.

  • 23:08 | Sexta-feira, 13 de Novembro de 2020
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Não carece de explicação a atitude.

O ímpeto é imparável quando o atrito cede à inércia seduzida por um falcão.

Nem a gravidade toma importância num mundo às avessas, onde a centrifugação se faz, na imobilidade, para o ar.


Pois se decidira abandonar a vida naquele planalto – ora hegung – outros ares, terras e mares eram-lhe provavelmente apáticos.

Porém, em nada dele – corpo e alma – a abulia se instalara.

Incorrera, com um fervor voluntário, de mística missão, olhos cegos e airada têmpera, numa ode infinda, fluida em melopeia de uma garganta ardida por fendidos lábios, a cantar dores do mundo aos incréus.

Demovê-los da insania, libertar-lhes o olhar da poeira crestada das pálpebras, dar-lhes o anil à vista e águas de tétis às bocas.

E só depois, alargada a perspectiva ao mais raso ângulo, superados os cumes do levante, resgataria, sem júbilo mas denodado, a vida então largada.

Tal orate intento aprenha-se em espíritos inquietos, vagueantes de um decénio em busca de um grão de paz e uma areia de sono.

E a recompensa, no coalho do leite caprino, na rudeza do pão ázimo e na paz restabelecida, era o ouro de todos os galeões chamados por neptuno à sombria algidez dos eternos lodos.

Um homem, se com paixão levado, só na perda da dor, esmorece cediço ao espasmo apaziguador, de titã ao anho mais estouvado, encurtando a dómita fereza num adejo breve de estorninho.

E quando, ardores lavados na calda fria do córrego, o lírio, tímido e esbelto, o questiona sobre sua graça, consegue, enfim, o verbo leve de se dizer “sumido”, tal como ansiara, contra a lapa cinza e dura, passento e pois entrado no ancho ventre da súcuba madre, paciente mas de éditos recobrados.

Era a casa primicial.

Primordial.

Eis o tempo chegado de em quedo se volver e lacerar espasmos nos ossos quase brancos, pelo lobo esfaimado renegados ao premunir que a fome farta, em esquírola de sílex, traria a morte certa.

Nem o vento, nas noites longas de dois dias, frias e escuras, sarilhado em urzes, urgueiras, tojais e seca galharia, lhe quer pouso nem afago.

É sempre encargo de pouca glória mantejado, abandonar a vida em ermo monte, junto à estrela que alumia o sono leve dos falcões.

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