Aquilino – “Cinco réis de gente” Recortes de infância
10 – A SENHORA PROFESSORA Vá, vá muito direitinho, e faça lá visitas à senhora professora. Cinco Réis de Gente, p. 118 A senhora professora chamou-me para junto de si, abriu o livro, e com desvanecimento, tanto mais que meu pai mal aflorara o nome de tais letras, identifiquei, a, i, o, esta última […]
10 – A SENHORA PROFESSORA
Vá, vá muito direitinho, e faça lá visitas à senhora professora.
Cinco Réis de Gente, p. 118
A senhora professora chamou-me para junto de si, abriu o livro, e com desvanecimento, tanto mais que meu pai mal aflorara o nome de tais letras, identifiquei, a, i, o, esta última inolvidável centro planetário do alfabeto.
Cinco Réis de Gente, p. 95
Chamavam-lhe D. Teolinda, respeitosas, as mulheres da aldeia e os homens, ao passar por ela, tiravam-lhe o chapéu.
Amadeu, o nome que no livro de memórias esconde o nome de Aquilino chegou pela primeira vez à Escola pela mão da tia Custódia e ali o confia à jovem mestra.
- Teolinda chama o rapazinho para junto de si, abre o livro de leitura nas primeiras páginas e aponta, uma a uma, as letras desenhadas. E logo o miúdo as lê timidamente – a, i, o.
Um beijo foi quanto bastou para tornar quente o primeiro dia da Escola que se iria tornar, com aquela professora bonita e jovial, um espaço de encantamento.
Até que um dia, Aquilino não soube bem o que aconteceu, a doce professora não voltou à Escola.
- Letícia, a nova mestra, não era querida da gente, como a primeira. Não era paciente. E os carinhosos e estimulantes gestos de D. Teolinda deram lugar ao ocasional bater da palmatória.
Até que um dia estava com o exame feito.
– Agora vai para o Colégio da Lapa. Sentenciou, em reunião familiar, o ilustre de seu padrinho.
- Letícia cumprira sem fadiga de monta a sua missão de mestra.