“Aninhas”
Mas, na voluptuosidade de um mundo rural prenhe de silvanas apetecíveis e faunos pecaminosos, surge, de Lamego, uma bi-viúva rica, dantes Alexandrina dos Prazeres, com loja de cestos na Rua Detrás da Sé, depois Dona Alexandrina Collel Tonda Cordeiro, senhora da Quinta dos Ólimos, por passamento de seu derradeiro cônjuge.
Dei comigo a reler “Aninhas”, in “As Três Mulheres de Sansão”, na sua 1ª ed. de 32.
Deliciei-me. Com o enredo da novela e com a alegoria que lhe sobrejaz, tendo como protagonista, o urbano Dr. Amadeu (lembro que em “Cinco Réis de Gente”, 1ª tábua do políptico autobiográfico, publicado em 1948, Aquilino chama ao menino do Carregal, — “Lombas de Baixo” — Amadeu Magalhães). Daqui a inferirmos que este dr. Amadeu, de 1932, seria já um alter ego de Aquilino no seu retorno à natureza, saciado da cidade. Como, aliás, sabiamente me lembrou o Senhor Engenheiro Aquilino Machado da intenção do Escritor em “retomar o tema da cidade e as serras sem os arredondamentos de arestas queirozianos”.
Mas, na voluptuosidade de um mundo rural prenhe de silvanas apetecíveis e faunos pecaminosos, surge, de Lamego, uma bi-viúva rica, dantes Alexandrina dos Prazeres, com loja de cestos na Rua Detrás da Sé, depois Dona Alexandrina Collel Tonda Cordeiro, senhora da Quinta dos Ólimos, por passamento de seu derradeiro cônjuge.
Vem como uma filha, a Candidinha, que corre seus adolescentes e tentadores anos por campos e bosques catando faunos… a madre, em busca de terceiro arrimo para o Outono próximo.
Permita-se-me a descrição da mãe, pelo que tem de irónico, mordaz, fiel retrato de uma burguesia ascendente, provinciana, finissecular, de teres e rusticidade pródigas:
Bom, agora, se querem mais, por favor, leiam a obra e deliciem-se com o génio e a vitalidade de Aquilino Ribeiro…