A “SOPA DE CASTANHA” EM FESTIVAL

  Prolongou-se por três intensos dias o 2.ª Festival das Sopas e Encontro de Ranchos que o Município de Sernancelhe promoveu na Sede do Concelho, uma emblemática iniciativa carregada de virtuosa pedagogia já que, com a mesma estimula as Associações locais que agora se constituem como genuínas intérpretes das tradições incorporadas pelos seus avoengos a […]

  • 22:34 | Segunda-feira, 23 de Fevereiro de 2015
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Prolongou-se por três intensos dias o 2.ª Festival das Sopas e Encontro de Ranchos que o Município de Sernancelhe promoveu na Sede do Concelho, uma emblemática iniciativa carregada de virtuosa pedagogia já que, com a mesma estimula as Associações locais que agora se constituem como genuínas intérpretes das tradições incorporadas pelos seus avoengos a reinventar passos quase perdidos dessa ancestral caminhada, ao caso na vertente da gastronomia e ao mesmo tempo a reintroduzir o saudável regresso dessa comensalidade que na sopa fazia assentar, por raiz, o alicerce da alimentação quotidiana.

A Confraria da Castanha Soutos da Lapa armou ali também sua tenda e nela serviu uma apreciada sopa de castanha, “caldo” se designava em tempos idos, como aliás se designava tudo o que agora se designa como “sopa”, que sopas eram então os bocadinhos de pão com que se migava o caldo ou essa iguaria caseira que se preparava, como ritual, na quadra entrudesca, concebida à base de pão de trigo e açúcar que resultava, se a habilidade das mãos ajudava, numa apreciada guloseima.


A sopa de castanha rememora o virtuosismo do velho caldo de castanha que se preparava a partir da castanha pilada (seca no sequeiro familiar) e se estendia, seu uso, em casa de lavrador, Maio fora quando era morosa a jornada de trabalho, até ao alongado tempo da ceifa, já passado o solstício.

Desaparecidos os sequeiros e enquanto se não reinventa por ali um novo processo de “pilar” a castanha, recorre-se à castanha congelada, preferentemente a dos Soutos da Lapa, de inigualável sabor, e depois é a mão hábil de quem associa condimentos antigos, verdura, cebola, feijão… e azeite de apurada selecção que substitua a colher de banha de porco guardada na caçoila vidrada ou o pedaço de toucinho trazido do sal da salgadeira.

Isso fez, nestes três dias, a Confraria da Castanha com a inestimável colaboração do Restaurante Flora, na Vila, louvadas que foram, ao longo dos três dias as mãos sábias das suas cozinheiras.

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Publicado em Cultura