A figura de Torga
Este julgamento, assim tão chão, está mais bem contido no dito que escutava desde a infância: «Bem grande é o Marão, e não dá palha nem pão…»
No dia 13 de Janeiro de 1946, Miguel Torga encontrava-se em Lisboa, e foi à revista. Diz que lhe fez bem, o que, para um homem sorumbático, talvez signifique que sorriu um pouco. Afinal, serviu-lhe para assentar ideias sobre «problemas de literatura e arte».
No dia 26 morreu Afonso Lopes Vieira, que foi, segundo Miguel Torga, «um poeta maior na vida do que na obra». Nunca lhe falou e só o viu duas vezes, «uma vestido de saragoça, outra de linho».
Eu também vi Miguel Torga duas vezes na Baixa de Coimbra, na Rua Ferreira Borges, a caminho do consultório na Portagem. «Há-de ser esquecido como criador», afiança Miguel Torga.
Este julgamento, assim tão chão, está mais bem contido no dito que escutava desde a infância: «Bem grande é o Marão, e não dá palha nem pão…»
(foto DR)