A figura de Torga

Este julgamento, assim tão chão, está mais bem contido no dito que escutava desde a infância: «Bem grande é o Marão, e não dá palha nem pão…»

  • 13:27 | Sexta-feira, 09 de Julho de 2021
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No dia 13 de Janeiro de 1946, Miguel Torga encontrava-se em Lisboa, e foi à revista. Diz que lhe fez bem, o que, para um homem sorumbático, talvez signifique que sorriu um pouco. Afinal, serviu-lhe para assentar ideias sobre «problemas de literatura e arte».

Quatro dias depois, já em Coimbra, visitou o armazém onde quadros de José Malhoa aguardavam pelas paredes de uma exposição. Achou o pintor probo mas pacóvio, incapaz de «arrancar o eterno do circunstancial».

No dia 26 morreu Afonso Lopes Vieira, que foi, segundo Miguel Torga, «um poeta maior na vida do que na obra». Nunca lhe falou e só o viu duas vezes, «uma vestido de saragoça, outra de linho».

Eu também vi Miguel Torga duas vezes na Baixa de Coimbra, na Rua Ferreira Borges, a caminho do consultório na Portagem. «Há-de ser esquecido como criador», afiança Miguel Torga.


Este julgamento, assim tão chão, está mais bem contido no dito que escutava desde a infância: «Bem grande é o Marão, e não dá palha nem pão…»

 

(foto DR)

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