AS MINHAS AVÓS, CAROLINA E BEATRIZ. SILENCIOSA EVOCAÇÃO
Eu não conheci a minha avó Carolina. Emigrou para o Brasil num dos navios que ainda andava a vapor, deixou com a irmã Piedade a minha mãe pequenina, e não mais voltou. Tenho apenas o retrato de quando ela era já velhinha e todos os dias me lembro dela. Com saudades dela. Do […]
Eu não conheci a minha avó Carolina. Emigrou para o Brasil num dos navios que ainda andava a vapor, deixou com a irmã Piedade a minha mãe pequenina, e não mais voltou. Tenho apenas o retrato de quando ela era já velhinha e todos os dias me lembro dela. Com saudades dela. Do colo. Do cordãozinho com medalha de oiro que traz ao pescoço. De um beijo dela. Daquele cabelo branco. Daquele olhar ternurento, talvez um pouco triste, talvez saudades do neto que não conheceu, não sei.
A avó Beatriz morou sempre na aldeia mas habitava numa Quinta distante do centro do povo onde eu já nasci. Não me lembro bem dela. Mas também guardo saudades dela. Das histórias que não me contou. De lobos da serra. De lóbis-homens. De bruxas, mais que de fadas, porque eram aquelas que, na aldeia, mais se encontravam nas encruzilhadas. Tenho pena de não ter um retrato dela.
Dia dos Avós, 26 de Julho de 2015