Sempre me causou alguma espécie a solidariedade que existe entre ricos e poderosos. Que, em boa verdade, com tantos predicados da fortuna, dela não precisariam para nada.
A solidariedade, segundo o prestimoso dicionário é “o sentimento que impele o indivíduo a prestar auxílio moral ou material a outrem.”
Aceitamos que Ricardo precise hoje de “auxílio moral”, mas não precisaria à época em que recebeu do empreiteiro Guilherme a quantia de 14 milhões de euros.
O facto incontornável é esta gente achar sistematicamente, mesmo depois de toda a “porcaria” feita, que são os maiores do mundo e que toda a outra gente não passa de um bando de parvos e imbecis. E é assim que justificam Ricardo receber de Guilherme tal quantia:
“O espírito de entreajuda e solidariedade deve ser o bom princípio geral de uma sociedade”.
Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, conhecedor dos factos, achou normal. Mesmo depois de dois pareceres jurídicos em contrário. Talvez em determinadas esferas tais prendas sejam afinal triviais… Portugal tem tido muita sorte, com Constâncios e Costas.
Pena é que Guilherme não seja solidário com quem precisa e não preste esse auxílio aos carenciados de Portugal que, a cada dia que passa, aumentam escandalosamente, fruto das políticas de Coelho&Portas.
Porém, não é que detenha qualquer obrigação de o fazer, porque os pobres afinal não prestam para nada, são gente improdutiva, sem princípios, sem retorno, excedentes sociais, uns malandros que só são pobres por merecimento congénito.
Outro tanto não se passa no Club dos Ricos e quando algum precisa de uma grosa de Cohibas, de um mero relógio Vacheron et Constantin, de umas caixas de Beluga ou de um novo Aston Martin Vanquish Volante, elementos fundamentais e morais de solidariedade e auxílio social, há sempre um Zé a empatar uns trocos a bem do apoio e conforto moral de um amigo.
Ó Zé, deixo-lhe aqui o meu nib: 12345 6789 12345 678900 0…