Logo hoje havia de me dar tal camueca… E eu juro que ontem não apanhei frio, naquela rotunda, onde uns jornalistas alertados pela Sibila de Cumas, montaram o estendal para filmar uma carrinha preta, onde era suposto seguir José Sócrates, M. Kadafi, Saddam e José Estaline…
Tinha um edit escrito que, e de repente, ficou meio desactualizado, pois, de há muito a esta data, o assunto do dia nem é o Sporting, nem o Benfica, nem o FC Porto.
A Justiça portuguesa — e bem — começou a prender os políticos. Nesta senda e com o desígnio atingido, dentro de meio ano temos para aí uns 200 na choldra. O compadre Zacarias jura a pés juntos que hão-de ser mais, mas eu, na minha contenção e modéstia já ficava certo de que vivemos num Estado de Direito Democrático com estas duas centenas…
A sórdida encrenca das subvenções aos políticos teve muito de positivo:
1ºDeu a conhecer ao povo mais alheado a massa de que á feita a maioria dos governantes;
2ºDeixou claro que todos juntos, com uma comunicação actuante e redes sociais interventivas e mobilizadoras da náusea individual, podemos mudar o curso das trauliteirices;
3ºMostrou a cupidez dos políticos e o seu verdadeiro rosto, alarve e ávido;
4ºDemonstrou que o PSD e o PS se põem celeremente de acordo, não no contexto do serviço público, melhores leis e melhor governação visando optimizar a qualidade de vida dos portugueses, mas quando, legislam e aprovam, em favor das suas múltiplas e infindáveis mordomias;
5ºDeu a conhecer melhor um Lelo, um Vieira, um Ferro… do PS, porque quanto aos do PSD/CDS, de há três anos a esta data que os sentimos quotidianamente, como chicote entranhado nas nossas peles, no extremo oposto da face com que, nas eleições, nos encararam;
6ºO PS, de uma assentada, perdeu muita da credibilidade a conta-gotas ganha; mostrou as fauces arreganhadas de ganância… E isso é inesquecível e paga-se com milhares de votos.
7ºDeveria daí tirar consequências sendo a primeira a da renúncia imediata de José Lelo ao lugar de deputado que ocupa desde 1983.
A reunião ordinária aberta da CMV de 5ª ou 6ª feira parece ter sido rápida — mais ou menos uma hora — e mostrou um Almeida Henriques muito irritado e chamando “Velhos do Restelo” a quantos lhe denunciam os dislates e o criticam. Um reparo: o caro presidente ignorá-lo-á mas o “Velho do Restelo” tão sumaria e atrevidamente julgado era a voz da razão a alertar para o descalabro que estava à porta. Se a acção de “Os Lusíadas” decorre à saída das naus de Gama para a descoberta do caminho marítimo para a Índia, a data provável da sua escrita terá decorrido por meados de 1556 e a sua 1º edição em 1572, oito anos antes da perda da independência portuguesa, em 1580 e até 1640. Ou seja, o “Velho do Restelo” não é mais do que a voz premonitariamente crítica de Camões, com a leitura acutilante dos desaires dos Descobrimentos.
Quanto a AH, pobrezito, não o entendemos no seu visionarismo nem, tão pouco, nas suas grandes linhas de acção, como esta, à pressa remendada pelo Sobrado com um Tip-Top esfarrapado, acerca dos Infantes do Dão…
Talvez esteja na hora de pensarem em algo condigno e com pés e cabeça, consequente e com impacto sócio-económico e assim, talvez deixe de ser criticado, porque festarolas, qualquer tolo com dinheiro faz…