CAPÍTULO XXVI
Avaliados os documentos entregues pela AMRPB, por carta datada de 26 de fevereiro de 2015 e com a justa colaboração do TAF de Viseu e particularmente atentos ao Anexo IV, em que constavam as verbas pagas a cada autarca que, desde 2002, foram membros do Conselho Executivo, o MUAP e o Grupo Parlamentar do PS da Assembleia Municipal de Tondela, tinham nas mãos uma coisa parecida com uma bomba; nenhum cidadão, nas mesmas circunstâncias, poderia ignorar tal informação, sem o risco de ser considerado conivente.
Só havia uma saída – fazer o que foi feito, não de forma anónima, como agora está na moda e fazem os cobardes, mas com identificação e assinatura por baixo.
Em março de 2015, foi enviada uma participação ao DIAP – Departamento de Investigação e Ação Penal, de que se reproduz uma súmula:
1. As reuniões ordinárias da AMRPB eram às 5.ªs feiras.
2. Estes pagamentos foram absolutamente constantes ao longo do tempo, com pequenas alterações em 2007 fruto da alteração do valor da senha de presença.
3. Estes pagamentos foram sempre feitos mesmo no período de férias dos autarcas.
4. Nenhum autarca terá faltado a uma só reunião, seja por motivos de saúde, por motivos profissionais ou por qualquer outro motivo….
Seguiu-se um tempo de espera bem longo, mas a ação do MUAP não parava. Reuniões com presidentes de câmara de então, promoção de sessões de esclarecimento e novas perguntas, outras conclusões sobre o negócio da água e suas consequências.
O MUAP teve, entretanto, conhecimento de ações de investigação – na sua edição de 15 de janeiro de 2016, o Jornal do Centro noticia que ex-presidentes de câmara que estiveram no Conselho Executivo do Planalto Beirão até ao final do mandato anterior, foram ouvidos pela Polícia Judiciária, tanto pelas sucessivas denúncias feitas pelo MUAP por alegadas irregularidades da tal adenda da água, como pelos montantes pagos pela participação em reuniões do Conselho Executivo.
A então administração da Associação afirmava que era importante clarificar os processos que estavam a decorrer e que facultou todos os documentos solicitados pelo Tribunal Administrativo e Fiscal e pelos órgãos de investigação criminal, lia-se na mesma notícia.
Dar nota que, de todos os envolvidos, cinco deles foram os responsáveis pela renegociação do contrato da água, onde coube o tal “empréstimo” de 22.250.000,00 euros, disfarçado de antecipação de rendas, que prolongou a concessão por mais 15 anos a juntar aos 15 iniciais, ou seja, até 2028. Para compensar a Águas do Planalto pela “ajuda” financeira, os consumidores de água começaram a pagar a água a preços escandalosos, dos mais caros do país.
Mas a história não iria terminar por aqui, nem envolveu apenas autarcas.
Poucos dias depois, o referido periódico volta ao assunto e anuncia que as investigações judiciárias prosseguem, no âmbito de um inquérito ordenado pela Procuradoria-Geral da República, em particular sobre uma fatura referente a uma refeição, em que esteve um administrador e seus familiares e cujo valor total terá sido debitado à Associação.
Mas que saco …
(CONTINUA)