Tal como o sol, a água quando nasce é para todos! (XVII)

- Sendo assim, a totalidade seria 58.800.166,73 €, para sermos exatos! O restante está em caixa? E, já agora, o que fizeram os municípios com tanto dinheiro que, segundo nos disseram, foi repartido por igual, ou sejam, 1.500.000,00 € a cada um!?

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  • 14:11 | Quarta-feira, 09 de Abril de 2025
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CAPÍTULO XVII

 

Uma das primeiras iniciativas do MUAP, para tentar perceber as razões de tão inusitada escalada de preços, foi recorrer à Associação de Municípios da Região do Planalto Beirão (AMRPB), para obter documentos e outras informações (a que qualquer cidadão tem direito de acesso, por se tratar de uma entidade de direito público.


 

Se não fosse como foi, de recusas em recusas, poderia ser assim:

– Pois sim, pensaram eles, os amigos dos amigos. Querem lulas? Vão à pesca!

– Mas, senhor conselheiro executivo, nós somos um movimento de cidadãos honestos, só queremos os nossos direitos.

– Nem direitos nem tortos, os cidadãos, simples ou com todos, como o cozido à portuguesa, têm igualmente os mesmos direitos; mas isso não passa pelo acesso a coisas importantes, nada têm ou percebem disso.

– Mas somos cidadãos e a associação é uma empresa de capitais públicos…

– E depois, os capitais são públicos, mas são das câmaras, que têm gente capaz de tudo, perdão, de gerir na perfeição os interesses.

– Interesses, os senhor falou em interesses? Mas que interesses são esses?

– Estão a insinuar o quê? Que temos interesses?

– Foi o senhor porta-voz que disse, que geriam interesses…

– Mas são interesses que não são de vossa conta…. São das contas de todos…

– Mas não são também os nossos interesses?

– Claro que não, são uns interesses vagos, ou melhor, são uns vagos interesses, diria mesmo, os interesses que não vos interessam, são de todos … nós! Vós … Eles …

-Mas que raio de organização é esta? Não são de interesse público?

– Somos uma empresa que zela pelos interesses …

– Mas de quem?

– Nossos, vossos, deles, não conhece os pronomes para enunciar os verbos?

– Sim, claro, os vossos e os deles, certo?

– Sim, certo

– E então, onde estão os nossos interesses?

-Ah pois, isso é que era bom, os vossos interesses são tão importantes para nós, que estão fechados a 7 chaves.

– Então, porque não abre os nossos interesses?

– Porque só tenho 6 chaves….

– E onde está a chave em falta?

– Pois é, outro dia subi ao monte do aterro para me certificar da qualidade do nosso lixo, deixei cair a chave e nunca mais a encontrei. Ficou soterrada nos escombros.

– Então, já que não nos dá os documentos, explique-nos lá estes valores, obtidos até 2014:

·        Fundo de Coesão                    21.859.412,98 €

·        Rendas recebidas 2000/2007      3.558.441,99 €

·        Sobretaxa art.º 21 até dez. 2014           3.632.311,76 €

·        Renda recebida c/ adiantamento         22.250.000,00 €

Tudo, soma a bonita quantia de 51.300.166,73 €. O que acha disto?

– Acho que a conta está errada…!

– Bem, matematicamente, a conta está certa, mas se o investimento foi de 56.475.225,10 €, é certo que há um erro …

– É que isso incluiu o REEMBOLSO AOS MUNICÍPIOS de 7.500.000,00 €, que foi contabilizado como investimento.

– Sendo assim, a totalidade seria 58.800.166,73 €, para sermos exatos! O restante está em caixa? E, já agora, o que fizeram os municípios com tanto dinheiro que, segundo nos disseram, foi repartido por igual, ou sejam, 1.500.000,00 € a cada um!?

– Pois, mas isso já não sei. Sobre a diferença, fale com o nosso contabilista.

– Mas o senhor é presidente de uma câmara municipal … que,  supostamente, recebeu um milhão e meio de euros …

– E depois? Eu fui eleito para ser o presidente, e não para fazer contas …

– Esclareça-me uma coisa, por favor. Daqui para o futuro, com o adiantamento das rendas já recebidas, como irá sobreviver a Associação?

– Já que tanto insiste, vou dizer-lhe, mas espero que guarde segredo.

– Diga, sou todo ouvidos …

– Nós, sucessores do antigo Conselho Executivo, nunca recebemos, nem iremos receber, qualquer valor de subvenção, quer seja em forma de senhas de presença, em pacotes de férias, em combustíveis ou viagens … Nós somos muito honestos.

– Acredito que sim, mas porque continuam a proteger os vossos antecessores?

– Nós não protegemos nada, nem ninguém, nós não sabemos de nada, nem de ninguém … Nós só percebemos de lixo. De tratar e de reciclar lixo!

– Obrigado …

– Não se esqueçam de me perguntar do negócio das sobras do privado…

– Pode ter a certeza! – Quanto nos custavam as águas privadas e sobrantes, caso único no nosso país? …

 

(CONTINUA)

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