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O nível de literacia financeira dos estudantes portugueses, particularmente dos universitários do primeiro ano, continua a ser uma preocupação. Um estudo recente realizado entre setembro e outubro de 2024 por docentes da Escola Superior de Tecnologia de Viseu (ESTGV) revelou resultados alarmantes sobre o conhecimento financeiro dos jovens, que, apesar de muitos estarem a estudar áreas relacionadas com Gestão, demonstram lacunas significativas em conceitos essenciais de finanças pessoais.
A amostra do estudo incluiu 172 respostas de estudantes do primeiro ano da ESTGV, sendo composta por 58,7% de homens e 41,3% de mulheres. A maioria dos participantes (72,7%) estava matriculada em cursos de licenciatura, enquanto os restantes frequentavam cursos de CTeSP. O estudo de 2024 comparou os dados com um estudo semelhante realizado em 2022, e os resultados revelam uma diminuição no nível de literacia financeira entre os jovens.
Principais Resultados:
Conhecimentos Financeiros Preocupantes: Apesar de 68% dos estudantes escolherem um curso na área de Gestão, mais de um terço dos participantes não sabe calcular percentagens simples. Além disso, quase metade (47,7%) não entende o impacto da inflação, e apenas 29,1% conseguem compreender o conceito de juros compostos. Outros dados revelam que quase 46% não entendem o conceito de pagamento de juros sobre empréstimos, 78% não sabem o que é a Euribor nem o Spread.
Declínio na Literacia Financeira: O valor médio de literacia financeira registado no estudo foi de 44,36, numa escala de 0 a 100, o que representa uma queda em relação ao estudo de 2022, quando a média foi de 47,53. Quando segmentados por género, os homens apresentaram uma média de 45,25, enquanto as mulheres obtiveram 43,10, refletindo também uma ligeira diminuição em ambos os grupos em relação ao estudo anterior.
Falta de Preparação e Conscientização: Embora o estudo mostre a ausência de conhecimentos financeiros entre os estudantes, ele também revela que os jovens estão conscientes da sua falta de preparação financeira. Aproximadamente 63% dos inquiridos afirmam nunca ter tido contacto com questões financeiras durante a escolaridade obrigatória, e apenas 13% afirmam ter tido um contacto considerado significativo com estas matérias, nomeadamente na disciplina de Matemática e cidadania e desenvolvimento.
Necessidade Urgente de Mudança
Estes resultados revelam que as iniciativas para integrar a literacia financeira no currículo escolar têm sido, até agora, insuficientes. De acordo com o estudo, 3 em cada 4 dos participantes entende que literacia financeira deve ser parte obrigatória do currículo de ensino, sinalizando uma clara procura por uma abordagem mais eficaz neste campo.
Conclusão e Perspetivas
Os dados indicam que as políticas educacionais recentes do governo português, voltadas para a introdução de temas financeiros na educação, precisam ser revistas e ajustadas. A implementação de programas de literacia financeira mais robustos, relevantes e efetivamente proporcionados à generalidade dos estudantes (ou seja, fazendo parte da escolaridade obrigatória) é, portanto, uma medida crucial para preparar os jovens para a gestão responsável de suas finanças pessoais, especialmente num contexto de crescente complexidade económica.
Os autores do trabalho, Manuel Reis, Paula Sarabando, Rogério Matias e Tiago Miguel, sublinham a importância de repensar o modelo de ensino de finanças no país, durante todo o percurso da escolaridade obrigatória, ou seja, até 12º ano, dado que a educação financeira é um pilar essencial para o futuro da sociedade portuguesa. A falta de conhecimentos financeiros pode ter impactos duradouros, não apenas para os indivíduos, mas também para a economia do país.
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