Tal como o sol, a água quando nasce é para todos! (III e IV)

15 de novembro de 2007 – O Dia D, não o dia do Desembarque das tropas aliadas, mas o dia da Desgraça, chegou, para ensombrar os bolsos de todos nós, consumidores de água …

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  • 12:00 | Quinta-feira, 27 de Março de 2025
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CAPÍTULO III

As obras da barragem quase concluídas, dos terrenos que ficariam inundados, uns negociados e outros expropriados, não sei se todos foram pagos, havia que fazer contas aos gastos e às infraestruturas ainda em falta, que não foram financiadas por serem da responsabilidade de cada município, pois também é para isso que, entre outros, servem os nossos impostos, como o IMI, cuja receita reverte integralmente para as câmaras municipais.

Assim, o Conselho Executivo (CE) da AMRPB, constituído pelos respeitáveis edis dos 5 municípios, delibera consultar a banca comercial com vista a obter um financiamento dos tais milhões em falta, quem sabe, mais algum, como iremos avaliar. A empresa Águas do Planalto, continuava em estado de graça, passados 8 anos do início da sua atividade, era praticamente imune a qualquer crítica – a água corria nas torneiras ao preço do mercado. Para levar a bom porto todo o projeto, em junho de 2006, a AMRPB abriu concurso para financiamento, tendo concorrido 3 entidades bancárias, cujas propostas foram apreciadas pelo CE, no dia 29 de junho e decidiu por reunir com a administração da CGD, com vista ao financiamento restante (ou não).


Enquanto isso, talvez por causa de alguma opacidade, o pedido de reforço financeiro do projeto feito ao Ministério do Ambiente não teve resposta positiva. Estávamos em fevereiro de 2007, ano que ficou célebre pela clarificação da ilegalidade das senhas de presença que, indevidamente, recebiam os membros do CE. Ilegais umas, por via da Lei, indevidas as outras, por serem referentes a reuniões que nunca se realizaram. Para manter a bitola do rendimento extra, a manha passou a ser outra.

Que tem isto a ver com o negócio da água? Nada e tudo. Não fora o que aí vem, tudo permaneceria escondido. A justiça tarda … mas o processo ainda está de pé, apesar de todas as pedras colocadas no seu caminho.

Depois foi a vez do BES (sim, esse herdeiro, melhor, um dos herdeiros dos nossos interesses enquanto munícipes, mais tarde, enquanto cidadãos), cujas falas serviram para encontrar uma estratégia, mas eu diria melhor, um estratagema para contornar alguns obstáculos. E foi aqui que os nossos interesses ficaram contundentemente comprometidos, sem nunca alguém ter a coragem nem a honestidade política de abrir o jogo – ninguém. Foi tudo feito nas costas de quem iria pagar a conta!

15 de novembro de 2007 – O Dia D, não o dia do Desembarque das tropas aliadas, mas o dia da Desgraça, chegou, para ensombrar os bolsos de todos nós, consumidores de água …

 

CAPÍTULO IV

Dia 15 de novembro de 2007 – o Conselho Executivo (CE) da AMRPB, terminado o circo com a banca (porque era sabido não ser exequível) e com um contrato em vigor, assinado no final de1997, que concedia a exploração do sistema por um período de 15 anos (de 1 de maio de 1988, até 30 de abril de 2013), delibera prolongar a concessão por mais 15 anos, até 30 de abril de 2028.

Este negócio ficou guardado no cofre dos segredos, sem conhecimento dos competentes órgãos autárquicos, que apenas foram chamados à pronúncia nos anos 90 já idos, em que, ILEGALMENTE, transferiram para a AMRPB competências, por Lei, indelegáveis, tais como deliberação de taxas, por exemplo.

Mas, nestes territórios, com particular destaque em Tondela, onde todos sabem (embora alguns digam que não sabem) que as coisas guardadas no cofre dos segredos são sagradas e inquestionáveis, sob risco de excomunhão, ninguém ousou sequer perguntar, que já seria uma afronta, onde está esse contrato…! Está no mesmo cofre, juntamente com a chave…

…  se confrontados, diriam: “mas a escritura foi pública”, feita à luz de lâmpadas fluorescentes de 25 whats, no dia 13 de dezembro, o mesmo das aparições de Lageosa … só não viu quem não quis … assinada com esferográficas Bic de longa duração … em cor azul, para se distinguir do negro das mangas de alpaca … se não viram é porque andavam entretidos com as compras de Natal …

Pois é, tudo é muito bonito enquanto as consequências não surgem. Mas, antes disso, arranje-se um bode expiatório, assim tipo “Judas queimado pela ACERT em vésperas de Páscoa”. Do fogo de artifício sempre fica uma névoa de fumo difícil de dissipar.

Pode parecer uma brincadeira, mas não é. A vida pode parecer uma comédia para os que pensam, mas é uma tragédia para os que sentem. Mas num mundo de fariseus, vale tudo, menos o bom senso.

Ainda não chegaram as consequências, mas está quase a bater-nos à porta. E vão bater leve, levemente, como se fossem apenas gotas de chuva de verão, mas os ventos se encarregarão de turvar as águas e derramá-las para lá das margens da compreensão.

Entraremos assim, na parte mais interessante desta história … de onde vieram os 22 milhões e 250 mil euros!? …

(CONTINUA)

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