A editora Gradiva deu à estampa um livro que todas as pessoas, que se interessam pelo combate à pobreza e à exclusão social, devem ler: “Homenagem a Alfredo Bruta da Costa: Estudos sobre a pobreza e a exclusão em Portugal”. Uma obra, coordenada por Fernando Diogo, Pedro Perista e Paula Campos, que pretende “homenagear, justamente, o homem multifacetado, o cientista e a voz que na sociedade portuguesa sempre se levantou em defesa dos mais pobres e dos excluídos.”
Alfredo Bruto da Costa é uma inspiração no combate por uma sociedade menos desigual, onde a pobreza não tem lugar. O seu pioneirismo, nos estudos dedicados ao conhecimento profundo do fenómeno da pobreza, tem uma marca d’água, a pobreza não é uma fatalidade e resulta do modo como a sociedade se organiza e funciona. Cai por terra o jargão fatalista: “pobres sempre existiram”, tão útil ao habitual encolher de ombros de quem tem responsabilidades políticas.
Para o professor Bruto da Costa, a pobreza é uma inaceitável indignidade humana que não deve ser apenas mais um dado estatístico. Os números têm a sua força, não os podemos ignorar. 2 milhões de portugueses são pobres. Sem as transferências sociais, quase metade da população encontrar-se-ia em risco de pobreza. A “pobreza é real, tem rosto” e o combate “não exige apenas mudanças institucionais, depende na mesma medida de mudanças no quadro dos valores dominantes nas nossas sociedades.”.
O livro tem 13 artigos valiosos que contribuem para aprofundar o conhecimento sobre a pobreza e a exclusão social em Portugal e o seu combate. Luís Capucha destaca a persistência das desigualdades e o surgimento de novos fenómenos como o neoesclavagismo e recorda: “O maior contingente de pessoas em situação de pobreza, em Portugal, são trabalhadores, quer por conta de outrem quer, ainda com mais intensidade, por conta própria.”.
“(…) a pobreza nunca é um problema meramente material. A privação é uma situação de carência em relação às necessidades humanas básicas. Necessidades materiais, tal como a alimentação, o vestuário, a casa, etc., necessidades imateriais, tais como a educação, a cultura e o sentimento de bem-estar, o exercício de cidadania, a participação na vida social e política, e outras, de natureza espiritual e religiosa.” Alfredo Bruto da Costa (2022)