“Todos os homens têm medo. Quem não tem medo não é normal; isso nada tem a ver com a coragem.” Jean-Paul Sartre
O medo faz parte da condição humana! Desde o homem primitivo que o medo nos acompanha e por vezes nos protege de situações que nos poderiam ser muito adversas e até fatais.
Os medos são relativos e temporais! Relativos, porque cada um com os seus medos! Os meus medos pouco ou nada têm a ver com os medos dos outros. Algo que para determinada pessoa pode constituir um medo doentio (fobias), para outros são banalidades e consideram essa situação ridícula. Quase que me atrevo a afirmar: diz-me os teus medos e dir-te-ei quem és!
O sossego chegou com as palavras apaziguadoras da nova catequista, uma professora muito jovem, a Modesta que nos informou e convenceu da decisão de Nossa Senhora, a mãe de Jesus, que acrescentou mais um punhado de areia, a esse fatídico destino da Terra. Que alívio, um punhado de areia tem muitos anos!
Finalmente podíamos dormir descansados, se os nossos sonhos de criança não se tornassem pesadelos, com medo do inferno, atormentados com as imagens de anjos com forquilhas a meteram sem dó nem piedade os pecadores num poço de fogo medonho.
Os medos mudam, os do passado foram exorcizados e ficaram lá atrás! Os medos de hoje são diferentes. Não são mais importantes por serem de hoje, mas são diferentes!
Tenho medo da irresponsabilidade de alguns loucos que decidem o destino das pessoas.
Tenho medo das catástrofes naturais e das provocadas pelo homem.
Tenho medo da doença e da dor física e psicológica, minha e dos outros.
Tenho medo de perder os que amo e de lhes causar algum tipo de sofrimento.
Tenho medo da hipocrisia e dos falsos amigos, da maledicência e da maldade.
Tenho medo de desiludir e decepcionar as pessoas que confiam em mim e me amam.
Tenho medo do escuro da memória provocada pela doença, que nos deixa sem passado e sem presente.
Tenho medo de perder o passado, porque tenho medo da solidão.