O deputado Arruda e a IA

Pelo invocado, contra ele, Arruda, estão as evidências apresentadas, está a IA, está a conta na plataforma Vinted com o nome “miguelarruda84” onde eram vendidas peças de roupa e demais artefactos de viagem, estão as malas encontradas nas suas residências, etc. A tal maquinação ou intriga  com o fito único e exclusivo de o desacreditar.

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  • 14:06 | Sexta-feira, 24 de Janeiro de 2025
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O deputado açoriano Miguel Arruda, suspeito de furto de malas nos aeroportos de Ponta Delgada e de Lisboa, agora desfiliado do Chega e com o estatuto de deputado independente, perante a inevitabilidade de ser expulso por falta de confiança política, entre outros bizarros argumentos contra a evidência factual, veio argumentar que as imagens captadas pelas câmaras dos aeroportos teriam sido criadas por Inteligência Artificial, numa cabala para o combater por ser incómodo para muita gente.

Hoje, vimos na AR ser questionada pelo líder parlamentar do CH, Pedro Pinto, a presença de Arruda, sentado na última fila dos deputados do partido:

“Não nos sentimos confortáveis por o deputado Miguel Arruda se sentar ao lado dos deputados do Chega porque, como sabem, as coisas, não foram pacíficas, não posso responder pelo meu grupo parlamentar e pelo que possa acontecer nesta sessão plenária”, mais acrescentando “O deputado manter-se sentado ao lado do grupo parlamentar de que saiu acho que não é correcto. Não é correcto porque desrespeitou, quer o grupo parlamentar, quer o presidente do partido, quer o presidente do grupo parlamentar e até esta casa.”


De uma forma bizarra e um tanto ou quanto desesperada, ao invocar ter contra si a nova tecnologia designada de IA, num inchaço de ego e num despudor atrevido, na tentativa de sacudir toda a água que lhe vai caindo no capote, Arruda esbraceja agitado para não naufragar neste mar que separa a sua ilha do continente.

Arrisca-se até a fazer jurisprudência se os seus argumentos forem aceites, criando um precedente pelo qual, a partir de agora, quaisquer imagens de qualquer incriminatório acto, podem ser assim postas em causa com fértil imaginação e desvario.

Grosso modo, a inteligência artificial designa técnicas permitindo simular a inteligência humana em máquinas programadas com o objectivo de efectuar trabalhos e de tomar decisões sem intervenção humana explícita.

A base da IA reside num “processo de imitação da inteligência humana sustentada na criação e aplicação de algoritmos executados num contexto informático dinâmico. Tem como fim permitir aos computadores pensar e agir como seres humanos.”

Pelo invocado, contra ele, Arruda, estão as evidências apresentadas, está a IA, está a conta na plataforma Vinted com o nome “miguelarruda84” onde eram vendidas peças de roupa e demais artefactos de viagem, estão as malas encontradas nas suas residências, etc. A tal maquinação ou intriga  com o fito único e exclusivo de o desacreditar.

Enfim, uma ópera bufa cacofónica que seria anedótica se não fosse perversa nos seus contornos e desprezível na sua baixeza.

 

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Publicado em Opinião