A polémica em torno do director executivo do SNS, o tenente-coronel médico Gandra d’Almeida, levou-o ontem ao pedido de demissão, que a ministra da tutela, Ana Paula Martins, aceitou de imediato.
Ana Paula Martins não tem sido “feliz” no exercício das suas funções. Esperava-se mais dela e o que se tem visto é uma contínua sucessão de flops, para mal do SNS e dos seus utentes.
Gandra d’Almeida foi o sucessor de Fernando Araújo, dirigente eficaz e sem mácula que tinha um formidável ónus às espaldas: ter sido nomeado pelo anterior governo socialista para o exercício daquelas funções.
A ministra soube criar as condições de oposição suficientes para levar Fernando Araújo à conclusão da falta de condições para o profícuo exercício do cargo. E como homem honrado que se preza pediu a exoneração.
Ao que se sabe, Gandra d’Almeida foi escolhido pessoalmente pela ministra por nele ter uma confiança total. Afinal e pelo decorrer dos factos revelou-se uma má escolha, pondo em causa os critérios de nomeação e selecção por ela usados, que, pelos vistos muito ignorava acerca do “escolhido”.
Em causa estão valores recebidos próximos dos 300 mil euros. Uma bagatela…
Gandra d’Almeida já tinha sido alvo de controvérsia por ter desrespeitado as regras em vigor para todos os utentes do SNS, a fim de contornar as listas de espera para se submeter a uma cirurgia plástica no Hospital de Vila Nova de Gaia, em finais de 2024.
De momento, este caso está nas mãos da IGAS. Em lacónica declaração, Gandra d’Almeida nega ter cometido qualquer ilegalidade.
Entretanto, a ministra Ana Paula Martins anda afanosa à procura de quem substitua o demissionário dirigente. Desejamos que acerte, que tenha mais apuro nas escolhas e que privilegia o “mérito limpo”.
Quanto ao primeiro-ministro que trazia na oposição sempre na boca os “casos e casinhos” ocorridos com membros do anterior governo, mantém-se num silêncio cauto e de circunstâncias, à espera que a poeira assente, como é de sua já reiterada e astuta prática.