Há hoje, de entre os partidos do actual espectro político, aqueles que apostaram na comunicação e detêm uma excelente máquina, e os outros, aqueles para quem comunicar parece ser uma tarefa inglória e despicienda.
Lembro-me de um autarca já falecido reiterar com insistência: “Quem não comunica não existe!”. E de facto…
A comunicação de Montenegro ao país, no dia de Natal foi um acto ao estilo saudosista das marcelistas “Conversas em Família”. Quem o ouviu percebeu que havia um abismático fosso entre o conteúdo das suas palavras e a realidade do país, onde, em todos os sectores sociais e profissionais há problemas graves por resolver e a exigir resolução e a “wonderland” onde, maravilhado com a sua eficiência vive Montenegro e seus pares.
O mesmo Montenegro que quis pôr a capital do país em “estado de sítio” com uma actuação policial (mais papista que o Papa…), num inaudito acto de violência psicológica e mediática contra os migrantes que no nosso país buscam acolhimento, como os portugueses buscaram e buscam acolhimento no Brasil, na França, na Alemanha, na Suíça, no Luxemburgo, na Inglaterra…
Somos um povo com alguns milhões de emigrantes espalhados pelos vários continentes, que na sua casa ostraciza, marginaliza e persegue os imigrantes que por cá vão chegando, incentivado pelos acesos discursos xenófobos e de ódio dos “venturistas” da nação.
O primeiro-Ministro tem o direito e o dever de ser optimista, já menos lhe assistirá o direito de efabular uma realidade a contento das suas intenções eleitoralistas.
Do principal partido da oposição, o PS, um líder há tempo demais à procura de si próprio, não desgasta nem apouca a retórica estudada de Montenegro. Parece um menino, no infantário, a um canto, triste por ter perdido a bola…
De resto, nestes dias de final de Dezembro, o país vibra emocionado com a dança dos treinadores de futebol, preocupa-se moderadamente com os constantes aumentos dos combustíveis e do custo de vida, em geral, e vai assobiando para o lado, remetendo para o descrédito os políticos e as politiquices em que se enrodilham quotidianamente e nas quais ou com as quais pretendem iludir um povo complacente, paciente, alheado e crédulo.
O que parece resultar em mais de 50% dos casos. E eles sabem-no…