“Anabolizar” um candidato

De seguida, a Revista da Armada, cujo chefe-mor é o almirante Melo, consagrou-lhe um número de louvor, enaltecimento, encomiástico e de exaltação dos feitos e façanhas por ele cometidos, pondo-o até em ameno diálogo com el-Rei Dom João II, cognominado de “Príncipe Perfeito”, que foi rei de Portugal e dos Algarves de 1481 até 1495 e um impulsionador da exploração atlântica em busca do caminho marítimo para a Índia.

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  • 14:07 | Sábado, 14 de Dezembro de 2024
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Os portugueses já perceberam que a corrida a Belém anda renhida. Os candidatos sucedem-se às catadupas, não perdendo a oportunidade de se porem em bicos de pés para se mostrarem, sorridentes e valentes, aos eleitores.

O almirante Gouveia e Melo que se destacou no tempo das vacinas-covid, por coordenar com jeitinho a sua distribuição e aplicação ao luso povo, foi feito herói pelos media, ávidos deles e de conteúdos que os sustentem e tornou-se quase viral, não como a peste, mas como um sebastiânico mito recém ressuscitado dos pântanos de Alcácer Quibir.

Tanto o endeusaram que o almirante Melo saiu do seu anonimato e concluiu ser mesmo uma figura excelente e já nem servir para Chefe do Estado Maior da Armada, antes sim, ter todos os requisitos para presidente da Nação, dest’arte unida em torno da sua figura e do seu desiderato.


O CDS, por mãos do “furriel Melo”, guindado a ministro da Defesa Nacional, viu no outro Melo, almirante, um excelente candidato para a direita portuguesa, recém-saída da lura onde hibernou e minguou durante anos. E vai daí, entre um bitoque e um fino, num bar da capital, selaram-se os compromissos para o futuro.
Como o almirante Melo carece de currículo para tão proceloso mar, Assunção Cristas, ministra que foi noutra coligação, da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território de Portugal – tem tudo a ver – destacada docente universitária, tratou de o convidar para professor da universidade onde exerce, no caso a Nova, de Lisboa.

Professor universitário, mesmo sem provas públicas e apenas convidado, dá sempre um toque científico relevante.

De seguida, a Revista da Armada, cujo chefe-mor é o almirante Melo, consagrou-lhe um número de louvor, enaltecimento, encomiástico e de exaltação dos feitos e façanhas por ele cometidos, pondo-o até em ameno diálogo com el-Rei Dom João II, cognominado de “Príncipe Perfeito”, que foi rei de Portugal e dos Algarves de 1481 até 1495 e um impulsionador da exploração atlântica em busca do caminho marítimo para a Índia.

Aliás, já em tempos, um dos notáveis do CDS que foi ministro dos Mares, a João se “ajuntou”…

 

 

Como se vê, o almirante Melo não poderia arranjar melhor “discípulo” para desbravar, de braço dado, caminho até Belém.

Note-se que ninguém põe em causa a linha editorial da revista nem o seu “legítimo proprietário”. Tão pouco se questiona quem a paga e a oportunidade temporal do artigo. No fundo, e isso é que interessa, também este número, em breve, se poderá acrescentar ao tal CV.

Quanto a ideias do almirante Melo e à sua experiência e conhecimento político nada se sabe de substantivo, mas também não será preciso, pelo que se vê por esse mundo afora, desde os EUA à Argentina, e não só.

 

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Publicado em Opinião