Um estudo liderado por Sara Mendes e Rúben Heleno, investigadores do Centro de Ecologia Funcional (CFE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), concluiu que os dispersores de sementes ajudam as plantas a subir às montanhas para escapar das alterações climáticas.
Esta investigação, publicada na revista New Phytologist, documentou todas as espécies de animais que dispersam cada espécie de planta ao longo dos cinco pisos de vegetação altitudinais da ilha de Tenerife, nas Canárias. Esta ilha é o ponto mais alto do Oceano Atlântico, atingindo os 3.718 metros acima do nível do mar, e a sua vegetação está estruturada verticalmente, o que a torna o local ideal para explorar como as espécies respondem às alterações climáticas em ecossistemas montanhosos.
De acordo com os autores, um dos resultados mais importantes e inesperado foi terem encontrado sementes de onze espécies de plantas a ser dispersadas pelos animais (nos seus excrementos) para altitudes superiores àquelas onde as plantas adultas atualmente existem. «Estas sementes mostram que os animais conseguem ajudar as plantas a subir a montanha a uma velocidade suficiente para que estas consigam acompanhar as alterações climáticas», afirmam.
Contudo, alertam os especialistas, «o estudo revelou um resultado preocupante: mais de metade dessas plantas que os animais estão a ajudar são espécies exóticas, que podem tirar vantagem desta boleia, representando uma potencial ameaça para os ecossistemas nativos».
Esta investigação frisa a importância de proteger as espécies de animais que dispersam sementes, não apenas pelo seu valor intrínseco, mas também pelo serviço que prestam para a sobrevivência das plantas nas montanhas num clima em mudança. No entanto, evidencia ainda a necessidade urgente de controlar a propagação de espécies exóticas.
O artigo científico “Climb forest, climb: Diverse disperser communities are key to assist plants tracking climate change on altitudinal gradientes” está disponível aqui… https://nph.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/nph.20300
(Foto Sara Mendes)