Há 35 anos atrás, uma forte ânsia de liberdade levou ao fim do muro de Berlim, uma fronteira de cimento que durante 28 anos separou a Alemanha Ocidental da República Democrática Alemã.
Neste dia, assisti em directo na RTP à queda do muro, e lembro-me dessa noite de esperança, com uma nitidez e uma emoção como se tivesse sido há dias atrás. Recordo o aconchego da lareira, numa noite fria de Novembro, em casa dos meus pais com a minha filha a dormir serenamente no berço. Recordo a euforia dos jovens berlinenses a treparem um muro que durante tanto tempo desuniu famílias, matou centenas de pessoas a tentarem dar o salto da liberdade. Recordo os relatos feitos pelo primo Mário da Tulha, que ao assistir connosco à queda do muro, trouxe mais realismos e sofrimento ao contar as diferentes histórias, que a sua vivência de anos na Alemanha lhe trouxeram.
Ouvir alguém que conhecia as pessoas que o muro tinha dividido, os amores que o muro tinha desfeito, as vidas que o muro tinha queimado, no momento em que o mesmo estava a cair é uma experiência única, e tal como dizia o meu avô Calhau “por mil anos que dure nunca esquecerei”.
Hoje ao escrever sobre esse momento, sinto o mesmo frio a subir-me pela espinha e a mesma sensação de expectativa que senti há vinte e cinco anos atrás. O muro caiu! Outros se ergueram, como se o sofrimento e a dor que este causou, tivessem sido em vão! Como é curta a memória dos povos!