Os Bombeiros agradecem os “obrigado”, mas não chega…

A maioria dos Bombeiros recebe por hora metade do que recebe uma empregada doméstica e, não é decerto pelo magríssimo estipêndio que arriscam e perdem as suas vidas, que combatem dia e noite, florestas em chamas adentro, os fogos que nos assolam, em condições de perigo inenarráveis, num sofrimento que não imaginamos, com o calor insuportável que têm que suportar, com fumos asfixiantes, com pesos aos quais a maioria de nós em minutos soçobraria.

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  • 15:17 | Domingo, 22 de Setembro de 2024
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De certa forma, os Bombeiros são sazonais. Todos nós sentimos a imperiosidade dos seus serviços, nos meses de julho, agosto, setembro, outubro. Nos restantes meses, apesar das inúmeras ocorrências a que acorrem, e das vidas que salvam, a sua visibilidade é menor.

A maioria dos Bombeiros recebe por hora metade do que recebe uma empregada doméstica e, não é decerto pelo magríssimo estipêndio que arriscam e perdem as suas vidas, que combatem dia e noite, florestas em chamas adentro, os fogos que nos assolam, em condições de perigo inenarráveis, num sofrimento que não imaginamos, com o calor insuportável que têm que suportar, com fumos asfixiantes, com pesos aos quais a maioria de nós em minutos soçobraria.

Não, os bombeiros lutam por uma causa, lutam pelo seu semelhante, pelos seus bens e pelo património de Portugal.


Durante e depois de passada a tormenta dos incêndios, nas televisões, nas redes sociais, o povo e os políticos de Portugal vêm todos relevar o seu vital papel e agradecer penhorados a sua hercúlea labuta.

Mas não chega.

Nos funerais daqueles a quem as chamas tiram a vida, perfilados, gravatas negras nos colarinhos brancos, ar compungido de circunstância, vem o presidente da república, primeiro-ministro, ministros, secretários de estado e autarcas dar o seu último apoio aos heróis finados e aos seus familiares.

Mas não chega

Decreta-se um dia de luto nacional.

Mas não chega.

Nas últimas quatro décadas morreram 254 bombeiros em serviços. Todos lamentamos a sua morte.

Mas não chega.

Ninguém põe em causa os riscos inerentes às tarefas dos bombeiros.

Mas não chega.

Chegaria sim, para começar, que fossem pagos decentemente – e não faço ideia de quanto seria este “decentemente” – e que, para começar, lhes fosse de imediato atribuído um subsídio de risco semelhante aos das forças de segurança.

Será o mínimo que governantes que se aparentam – sazonalmente – tão agradecidos e reconhecidos deverão fazer por quem luta pela defesa da riqueza nacional, pela preservação dos bens do comum dos cidadãos, das suas vidas, dos animais, dos ecossistemas em que todos deveríamos viver, harmoniosamente, em paz e em sossego.

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