Vítor Gonçalves é um grande jornalista da RTP3.
As suas “Grandes Entrevistas” são excelentes peças feitas com seriedade, profissionalismo e rigor.
A sua última grande entrevista foi à PGR, Lucília Gago. A primeira por ela concedida em seis anos de exercício de funções.
Não vou aqui comentar o seu conteúdo, apenas três ou quatro pontos:
A culpa da descredibilização do MP, por muitos alegada, é de todos menos do MP.
Falta de recursos, falhas e greves dos funcionários judiciais – que já objectarm indignados à referência – falhas do poder político, falhas dos magistrados judiciais, etc. Menos da MP.
O presidente da República fala em “maquievelismo”. A ministra da Justiça refere-se a uma casa “desarrumada”. O documento dos 50, vai mais longe. As decisões dos juízes sobre os processos são acutilantes… Não saberão o que dizem. Foram infelizes no que afirmaram, São meras “boutades”.
Insinuações sobre a pendência do processo que demitiu o primeiro-ministro… ainda a procissão vai no adro.
Enfim, a senhora e o organismo que tutela estão a ser alvo de todas as manigâncias atentatórias do seu bom nome.
Mas o ponto… para mim o ponto é este:
Porque se concede a um assunto de enorme relevância 40 minutos de antena quando se perdem tardes inteiras atrás do autocarro da Selecção Portuguesa, por exemplo, a filmá-lo pela frente, de lado, por via aérea, por trás.
Muito ficou por esclarecer, por dizer, por desenvolver. E a culpa não foi da PGR nem do jornalista. São as prioridades de um país acrítico, acéfalo e atolambado onde já se perdeu, até, o sentido da proporcionalidade, da importância, daquilo que é relevante em prol da desconformidade da treta, do “fait divers”, do irrisório…
Felizmente que o mês de Outubro já está perto…