Nos últimos anos, novas abordagens não invasivas que aplicam inteligência artificial (IA) com o objetivo de automatizar a seleção de embriões têm sido exaustivamente estudadas. Esta seleção do embrião é um ponto de viragem nos tratamentos reprodutivos, uma vez que tem uma influência importante no resultado da implantação e subsequente desenvolvimento até se conseguir uma gravidez de termo.
Existem vários parâmetros que podem ser analisados para a seleção de embriões, e muitos fatores podem influenciar essa escolha. Especificamente, o estudo Predicting fetal heartbeat in vitrified blastocysts through artificial intelligence analysis of post-warming images and videos, liderado pelo IVI Valência, apresentado no 40.º Congresso ESHRE, em Amesterdão, analisa a expansão de embriões após a desvitrificação (descongelamento) como um fator preditivo da viabilidade embrionária.
No entanto, alguns embriões expandem-se um pouco mais tarde e apresentam dois tipos de expansão: mais suaves ou mais fortes. “Quando o embrião se expande tardia e ligeiramente, observámos que as hipóteses de gravidez diminuem em 5%. Mas se a expansão for mais forte, a probabilidade de conduzir a uma gravidez diminui em mais de 15%. Em suma, a expansão embrionária mais tardia, suave ou forte, tem um impacto negativo no processo de implantação, uma vez que compromete a viabilidade do embrião”, acrescenta o Dr. Meseguer.
Este é um estudo pioneiro que vai mais longe na análise do embrião e do seu regresso à vida utilizando o sistema time-lapse. Além disso, oferece informações novas e relevantes para a identificação de parâmetros específicos que permitem a criação de um programa fiável e robusto para a seleção de embriões transferidos.
“A vitrificação tem vindo a consolidar-se como uma técnica ‘gold-standard’ para a criopreservação de embriões em qualquer centro de reprodução assistida, o que impulsionou a necessidade de desenvolver critérios de seleção mais precisos e otimizados para a transferência de embriões vitrificados. Assim, os resultados deste estudo sugerem que a combinação de variáveis morfocinéticas e proteómicas, juntamente com a avaliação morfológica convencional, pode melhorar significativamente a predição de resultados de transferência de embriões desviados”, conclui o Dr. Samuel Ribeiro, diretor do IVI Lisboa.