Descoberto novo monumento funerário pré-histórico, com cerca de 3000 anos em Fiais da Telha

Com a passagem para o período neolítico (há 6000 anos), surgem estruturas funerárias diferentes, que incluímos no chamado “fenómeno megalítico”. Estes monumentos funerários para inumações coletivas eram construídos com grandes pedras — os dólmenes ou antas — e perduram, no atual território português, até ao final do período calcolítico (há 4000 anos), mas perderão notoriedade com o início da Idade do Bronze (2000 anos).

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  • 16:46 | Quinta-feira, 13 de Junho de 2024
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Toda a atividade produzida em torno de um ritual funerário, começando na arquitetura do sepulcro, passando pelas oferendas e procedimentos fúnebres, proporciona elementos importantes, reveladores da cultura de determinada sociedade.

As práticas funerárias sofreram variações ao longo do tempo e constituem-se como um elemento precioso para a compreensão das alterações quotidianas nas diferentes sociedades, desde a Pré-História. Exemplos destas transformações são as próprias estruturas funerárias.

Os primeiros enterramentos humanos conhecidos são do Paleolítico Médio (cerca de 120.000 anos antes do presente), levados a cabo pelas populações neandertais, e ocorreram tendencialmente em grutas naturais que também teriam servido de habitação.

Com a passagem para o período neolítico (há 6000 anos), surgem estruturas funerárias diferentes, que incluímos no chamado “fenómeno megalítico”. Estes monumentos funerários para inumações coletivas eram construídos com grandes pedras — os dólmenes ou antas — e perduram, no atual território português, até ao final do período calcolítico (há 4000 anos), mas perderão notoriedade com o início da Idade do Bronze (2000 anos).


Este período da história traz consigo construções mais simples, sendo caracterizado pela redução do tamanho dos sepulcros, pela introdução da prática de incineração, e o quase abandono dos monumentos megalíticos apesar da sua provável reutilização.

Fruto de ações de prospeção do terreno encetadas pelo arqueólogo do município, com a descoberta deste monumento inédito localizado na proximidade da Orca dos Fiais da Telha, freguesia de Oliveira do Conde, passam a ser três as estruturas de cariz funerário desta tipologia e deste período, em território concelhio, a par do Dólmen de Troviscos 2 e da Orquinha da Víbora. Estes últimos, são testemunhos inequívocos das práticas funerárias dos finais da Idade do Bronze na Beira Alta, atendendo à tradição arquitetónica e morfologia de outros monumentos funerários semelhantes que existem em abundância por toda esta vasta região.

A construção tumular agora descoberta, caracteriza-se essencialmente pela existência de uma pequena elevação artificial no terreno, de poucos decímetros de altura, constituída por uma presença significativa de blocos graníticos, formando uma espécie de couraça pétrea com um diâmetro de cerca de 6 metros, sob a qual se depositariam as cinzas ou vestígios osteológicos resultantes da prática incineratória.

A existirem restos mortais nestes monumentos, estes poderiam ser depositados num vaso cerâmico, numa cista (espécie de caixa composta por quatro lajes de pedra tapadas por uma quinta laje), ou numa fossa escavada no solo ou rocha base.

Com esta descoberta deu-se mais um passo para o estudo, enriquecimento e compreensão da Necrópole Megalítica Fiais/Ameal, património arqueológico de incontestável riqueza e importância, existente no concelho de Carregal do Sal.

Este e outros patrimónios estão disponíveis para serem visitados e interpretados por um guia, mediante marcação prévia, no Museu Municipal Manuel Soares de Albergaria.

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