Montenegro 7 – Ventura 2

Daí, uma vez mais e durante o debate, quando perde as estribeiras, o que acontece a toda a hora, como se fosse um menino mimado a quem tiram o biberão, batendo no fundo, depois de achar que o PSD “é uma espécie de prostituta política”, apodou Luís Montenegro de “idiota útil” numa fanfarronice grosseira que denota o fulano falho de princípios, que tais afirmações profere.

  • 13:53 | Terça-feira, 13 de Fevereiro de 2024
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Confesso que não sou fã nem de Luís Montenegro nem de André Ventura. Isto dito, isento do espartilho clubista, permito-me escrever duas ou três linhas sobre o debate de ontem, na RTP1, com estes dois líderes políticos.

Perante a recorrente insistência de o Chega em fazer pactos eleitorais com a AD e face à também recorrente recusa de Montenegro e Nuno Melo em fazê-los, atitudes decerto decorrentes da inconstância e crescente falta de credibilidade de André Ventura, este, apesar de se comportar como um “oferecido”, tem recebido sucessivas “negas” que não consegue assimilar e que o seu insuflado ego parece não admitir. O “não é não” de Montenegro é-lhe insuportável engulho.

Daí, uma vez mais e durante o debate, quando perde as estribeiras, o que acontece a toda a hora, como se fosse um menino mimado a quem tiram o biberão, batendo no fundo, depois de achar que o PSD “é uma espécie de prostituta política”, apodou Luís Montenegro de “idiota útil” numa fanfarronice grosseira que denota o fulano falho de princípios, que tais afirmações profere.


Ventura, deslumbrado com os resultados das sondagens, recusa-se a aceitar que ninguém o quer e com o seu transtorno de personalidade, a rejeição é-lhe inadmissível.

É claro que a popularidade de Ventura se deve prioritariamente a este comportamento arrogante, malcriado, de ferrabrás bravanteador, com o qual muito se identifica grande número dos seus seguidores. Seguidores desencantados do sistema político, saudosistas de um passado de há meio século, animados pelo toque de fanfarra deste histriónico maestro de banda cacofónica.

No debate, Montenegro mostrou-se em tudo superior a Ventura. Na postura, na argumentação, na desmistificação de clichés vazios, na evidência da irrazoabilidade das medidas do adversário, na óbvia desmistificação da sua impreparação e na denúncia do seu populismo.

E fê-lo com serenidade perante o gradual aumento do nervosismo do seu oponente. Oponente, que lembramos, teve o seu berço político no seio do partido que hoje renega e vitupera.

Naturalmente que para os indefectíveis seguidores de Ventura, este debate nada alterou. Porém, para aqueles que ainda lhe davam o benefício da dúvida e se mantinham indecisos, pode ter sido essencial para a definição da sua opção.

Aos poucos, Ventura, nestes e noutros debates, apregoa o seu vazio e a vacuidade das suas propostas. Vamos ouvi-lo hoje em confronto com Mariana Mortágua e ver também a fibra de Mariana ou, se se deixa cilindrar pelo “fala-baratismo” agressivo do contendedor.

 

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Publicado em Opinião