Os debates entre lideres partidários são essenciais, em democracia, para a formação do voto esclarecido e para o crescimento político da sociedade como um todo.
Em muitos países, alguns deles mais valorizados do que o nosso nos indicadores da qualidade da mesma democracia, limitam esses debates aos líderes dos principais partidos, aqueles que, teoricamente, têm condições de vir a liderar um Governo.
Os nórdicos, habituados como estão a ter Governos multicolores e primeiros ministros de agrupamentos políticos menores, promovem inúmeros confrontos entre partidos, seja através dos líderes ou através de representantes sectoriais.
Com a existência de oito partidos com representação parlamentar e dando-se relevância a um peso que verdadeiramente não têm, Portugal confirma, por acordo entre forças políticas e televisões, um vasto conjunto de confrontos.
É muito importante que assim seja. Muito mais do que as habituais arruadas, mercados e festanças de carne assada. Nestes debates cada eleitor pode confirmar a sua opção ou construí-la.
Não havendo nada a dizer, antes a apoiar, quanto ao número de debates, apareceram duas grandes questões que merecem uma análise. A primeira prende-se com o tempo de cada debate; a segunda é a do debate para além do debate.
Os portugueses são, por natureza, prolixos. Uma ideia demora sempre mais tempo do que o necessário para passar. Ora, as televisões não têm culpa que os líderes partidários ainda não consigam a simplicidade da mensagem, que se envolvam em ideias complexas para cada resposta ou contraditório.
Mas as televisões fazem bem. Em 30 minutos pode dizer-se muito e os políticos vão ter de mudar o seu estilo para cumprirem as exigências da velocidade do mundo de hoje. Se assim fizerem também reduzem a probabilidade de erro, de frases ao lado que possam ser virais.
A segunda questão é a do debate depois do debate. Os canais de informação precisam dos debates para criarem notícias para além deles. Ora, o que mais interessa é o que não foi esclarecido em cada contenda, o que cada líder deveria ter dito e não disse, o que cada partido já fez e agora contradiz.
Essas conversas, entre senadores da política e ilustres jornalistas, têm sempre, para além das avaliações escolares levadas para a televisão pelo Prof. Marcelo, o seu lado subversivo, até cínico, um alvo secreto a abater.
E é desse alvo que quero falar. Nestas eleições é Pedro Nuno Santos quem está na mira. Pode ganhar todos os debates por 100-0, mas nunca ganhará nenhum para os grupos de opinionistas que se foram construindo no Cabo.
É este o lado da coisa mais parecido com o futebol. Afinal todos somos do Benfica, do Sporting ou do Porto, mesmo que não tenhamos clube. E quando comentamos o jogo não deixamos de aduzir os sonhos e interesses secretos de tiffosi.