O mundo está fragmentado e tem sido alvo de uma avalanche de crises sem precedentes. Desde o agravamento da emergência climática à escalada de conflitos, a crise do custo de vida, o aumento das desigualdades, a disrupção tecnológica e a crise da habitação, vários têm sido os constrangimentos aos quais as empresas têm sido sujeitas. Alguns destes fatores parecem estar a fazer-se sentir no grau de confiança na economia nacional que registou uma descida para 10,62 face à última edição realizada em fev 2023 (11,16).
Apesar da volatilidade e da instabilidade às quais os mercados têm sido sujeitos, no que diz respeito ao crescimento, 2023 parece ser um ano positivo e 70% dos inquiridos preveem que as suas empresas cumpram ou ultrapassem os objetivos estabelecidos.
Ainda neste campo, 55% dos empresários estima que, nos próximos três anos, a sua empresa registe um crescimento do volume de negócios entre 5% e 15%. Apenas 9% das respostas aponta que o crescimento deverá ser nulo ou negativo. Para auxiliar este crescimento, pode também contribuir o volume de exportações, sendo, neste âmbito, a União Europeia o mercado de aposta para 61% dos inquiridos. Os Estados Unidos da América ficam em 2º lugar nesta equação, com 28% dos votos.
Neste Barómetro, foi também abordado o Orçamento do Estado, relativamente ao qual 80% dos inquiridos destaca a redução da carga fiscal das empresas como uma das medidas mais importantes a implementar. Por outro lado, 57% acredita que a melhor aposta é a redução de impostos para consumidores.
Os empresários também se manifestaram relativamente ao “Pacto Social” que a Confederação Empresarial de Portugal propôs ao Governo, no qual uma das medidas designadas, é o pagamento voluntário pelas empresas do 15.º mês aos trabalhadores, isento de contribuições e impostos. Aqui, 43% dos inquiridos afirma que esta é uma boa forma de recompensar o trabalhador sem sobrecarregar as empresas com impostos e contribuições adicionais. Por outro lado, 41% dos empresários, acredita que existem outras formas mais eficazes de apoiar os colaboradores sem comprometer a saúde financeira das empresas.
A inovação, a melhoria da força de vendas e a formação dos colaboradores como as principais alavancas de crescimento das organizações
Os empresários destacaram as 3 principais estratégias de crescimento nas quais pretendem apostar no próximo ano, tendo colocado o lançamento de novos produtos e/ou serviços (51%) no pódio das prioridades, o que reflete a necessidade de adaptar constantemente a oferta à evolução permanente das necessidades do mercado.
Além disso, a melhoria da força de vendas (33%) também foi destacada como uma estratégia relevante, o que sugere que as empresas estão a procurar alternativas para melhorar as suas vendas e alcançar um público mais abrangente.
Por fim, a formação avançada/executiva dos colaboradores (32%) foi outra das estratégias sugeridas, o que indica o reconhecimento da importância do desenvolvimento de competências e da formação contínua para o sucesso empresarial. Em resumo, apostar na formação executiva é um investimento no sucesso a longo prazo de uma empresa e na capacitação dos seus líderes para liderar com excelência.
O foco no ESG e a revolução digital
Sem surpresas, o ESG assumiu uma importância incontornável e uma proposta sólida neste âmbito pode ajudar a assegurar o sucesso a longo prazo das empresas, transformando-as em agentes de mudança na nova economia sustentável. Neste contexto, um compromisso e ação consistente com os objetivos ambientais (46%) e a aplicação de iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão (32%) são apontadas como as principais prioridades das organizações no que respeita às políticas ESG.
“Perante um cenário de ameaças multifacetadas, é inegável a necessidade de um equilíbrio mais acentuado entre a resiliência das sociedades e a colaboração global. Temos sido alvo de diversos fenómenos de instabilidade, incluindo o complexo conflito entre Israel e Palestina. Este tema tem criado um ambiente de incerteza e imprevisibilidade que afeta não apenas a região, mas também tem implicações globais. As organizações têm de estar preparadas para esta volatilidade e trabalhar no sentido de mitigar quaisquer impactos nas operações. É importante realçar a excelência operacional, pois ela, por si só, não assegura liderança: é importante procurar novas formas de satisfazer os clientes, seja pela capacidade de derrubar a concorrência, seja pelos fenómenos externos que nos obrigam a adaptar, seja pela necessidade de entender as rápidas mudanças que ocorrem nas necessidades dos clientes. É essencial possuir um ‘radar’ que identifique e concretize oportunidades. Posteriormente, é necessário ter uma ‘máquina’ de excelência operacional para impulsionar e dar consistência a estas oportunidades.”, realça António Costa, CEO do Kaizen Institute.
O Barómetro Kaizen é um estudo de opinião desenvolvido semestralmente pelo Instituto Kaizen em Portugal junto de administradores e gestores de médias e grandes empresas que atuam no mercado português sobre a sua perspetiva quanto a temas de atualidade, à evolução da economia e do seu negócio, perspetivando tendências e desafios.
A edição de outubro do Barómetro Kaizen inquiriu mais de 250 gestores de empresas que representam, no seu conjunto, mais de 35% do PIB de Portugal.