Estamos lixados, pá!

O Estado, aumentando impostos a esmo e limpando nos combustíveis entre 44 e 50% por litro de gasóleo e de gasolina, respectivamente, perde a moralidade para agir com mão pesada sobre os abutres especuladores.

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  • 10:09 | Sexta-feira, 29 de Setembro de 2023
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Dizem-nos as alarmantes notícias que vem aí mais um aumento substancial do custo de vida, com principal incidência nos produtos essenciais.

O português já perdeu a capacidade de se admirar com esta recorrente subida dos preços. Parece até que o czar Putin e a sua invasão da Ucrânia se tornou no maior adjuvante dos especuladores, nédios, luzidios e bem cevados que, como abutres ou ratos de esgoto, pululam, encantados e jubilosos por esse planeta fora.

A madame Lagarde, por seu turno, na sua qualidade de “presidenta” do BCE, a pretexto de evitar a recessão e a inflação, saqueia mensalmente milhões de cidadãos para gáudio da cada vez mais rotunda banca. A tal que o Estado não consegue taxar nos lucros excedentários…

Nós, por cá, cada vez mais empobrecidos, com salários que nos deixam no limiar da indigência, temos várias hipóteses para a sobrevivência:


Passar de duas para uma refeição diária;

Cortar em todos os ditos gastos supérfluos ou acessórios;

Vender o velho automóvel (poupamos no seguro, IUC, inspecção, oficina e “gasoil”);

Deixar de ir à farmácia comprar os medicamentos essenciais;

Pôr de lado a carne, o peixe, a fruta e os legumes… sempre podemos transigir com um franguito raquítico de quando em vez e, aos domingos, com um punhado de carapaus de segunda;

Cultivar a horta da aldeia, há muito abandonada. Sempre se arranjam umas batatitas, tomates, couves e alfaces…;

Permanecer em casa o máximo de tempo possível, antes e após o trabalho;

Estar às escuras dentro de casa;

Poupar na água, passando a andar mais tempo com a roupa suja e espaçar os banhos para duas vezes por mês;

Com o Inverno a chegar, cortar liminarmente o aquecimento e aumentar o número de cobertores na cama;

Vender as roupinhas já em desuso… etc., etc., etc.

Deixo o resto de hipóteses à infinita capacidade criativa e à resiliência de cada português.

É claro que haverá sectores da economia que começarão a ir pela “pia abaixo”, enquanto outros cada vez mais se “anababam”. É a vida, como diz tristonho e conformado o Compadre Zacarias.

Alguns, com mais alento, viram as costas a este país de novos pobres, e partem para França, para a Suíça, para a Alemanha … Principalmente se foram recém-licenciados de elevado potencial ou trolhas espadaúdos. A outra Europa agradece esta mão produtiva, a fazer lembrar os anos 60 e o enorme fluxo emigratório de cidadãos sem “cheta”, a saírem de “assalto”, para a apanha da beterraba, ali para as faldas dos Pirinéus.

O Estado, aumentando impostos a esmo e limpando nos combustíveis entre 44 e 50% por litro de gasóleo e de gasolina, respectivamente, perde a moralidade para agir com mão pesada sobre os abutres especuladores.

Com aumentos do custo de vida, em alguns sectores, muito superiores a 30%, os aumentos propostos oscilam entre os 2 e os 6%.

Estamos conversados. Pensemos apenas que há sempre alguém pior do que nós, o que é fraquíssimo consolo. Lembremos que a miséria aumenta drasticamente a criminalidade… e as doenças… e etc., e que tudo junto se transforma numa imparável espiral de estreiteza e penúria que, em breve nos transformará num país de mendicantes, se ainda houver quem tenha verba para a caridade…

 

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