Em Espanha, contrariamente às sondagens que davam uma vitória com maioria absoluta ao PP de Alberto Feijóo, este foi o vencedor das eleições, mas com uma curta diferença de 300 mil votos para o PSOE, num universo de mais de 37 milhões de eleitores.
Porém, e face ao cenário criado, Feijóo reclama aos 4 ventos que lhe permitam formar o ansiado governo e avisa, que se tal não acontecer, os espanhóis estão a ser vítimas da esquerda espanhola. Que, e no seu entender, decerto lhe devia dar os trunfos todos do baralho para ele fazer um brilharete.
O líder do Chega, esteiado na estrondosa vitória que o fim do dia de ontem traria, lesto se deu a Madrid para festejar condignamente, com pompa, circunstância e adequadas discursatas o grande resultado do amigo Abascal, a derrota de Sánchez e, imagine-se também, a derrota de António Costa. Afinal ainda estamos sob dominação filipina, o 1640 não resultou e somos uma província espanhola.
Ao fim da noite, Abascal sobre a derrota (de 52 para 33 lugares no parlamento) apregoou ser vítima da diabolização da comunicação espanhola, a tal que lhe dava trono e pódio uns dias antes e entretanto carpia-se “Quero destacar o que é uma má notícia para muitos espanhóis: Pedro Sánchez, mesmo perdendo as eleições, pode bloquear uma investidura. E, pior ainda, Pedro Sánchez pode até mesmo ser investido com o apoio do comunismo, do independentismo golpista e do terrorismo”.
O seu colega de ideologia, consternadíssimo, terá ficado com ele a festejar com umas jarras de sangria (desatada, decerto)…
Hoje, Ventura, virando o bico ao prego com o contorcionismo do costume, já veio de trombeta troante reiterar a derrota de Costa e o grande resultado de Feijóo. Montenegro está na mesma onda que Ventura, evidenciando que em matéria eleitoral pouco os separará e que, na hora da verdade, é político para derrubar todas as baias e fazer um alegre matrimónio de conveniência com o Chega.
E aqui reside o busílis da questão… sem esta maioria absoluta, fruto de coligação ou não, ninguém consegue governar convenientemente, pois a oposição pode inviabilizar toas as propostas apresentadas. Queiramos ou não, concordemos ou discordemos, a democracia funciona assim, com estas e outras regras, que democraticamente devemos aceitar.
Se tal suceder, Feijóo pode fazer todas as rábulas de Calimero, seguro podendo estar de que estas não o levarão a lado algum.
(Fotos DR)