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O tempo dos Andrés

Nesta nova vaga de políticos, uns, como varredeiros de rua, querem limpá-los a todos, para lá pôr, decerto, o seu impoluto esquadrão; outros, mais letais, refinam a espetar-lhes lápis nos olhos.

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    • 15:22 | Segunda-feira, 12 de Junho de 2023
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    Há um tempo para tudo. Até para os Andrés deste mundo. E alguns há que surfam a sua oportunidade com a excelência e eficácia de um Sebastian Steudtner, a vencer ondas na Nazaré.

    Também é preciso pensar que estes surfistas da oportunidade não surgem por geração espontânea, antes sendo uma causa de efeitos vários, a montante, que lhes deram a prancha ideal para cavalgar.

    Ponto único: A luta dos professores é legítima, incontroversa, inevitável. Estamos entendidos?

    Por discordar da forma de luta de alguns docentes, nas comemorações do 10 de Junho, na Régua, e por tê-lo escrito, fui apodado numa rede social de “porco do sistema”. Outro, veio com a conversa da liberdade de expressão artística, referindo-se aos cartazes empunhados na mini manif, sustentando-se com o “argumentário” do Charlie Hebdo…


    Entretanto, quase 48 horas depois, um dos Andrés na berra, lá veio a público (perante a onda de repúdio) dizer que os cartazes e as camisolas com António Costa figurado em porco, com dois lápis espetados nos olhos, não pertencem à associação sindical que encabeça.

     

    Entrevistado num canal de TV, ziguezagueou até dizer que o seu sindicato, que incomoda interesses poderosíssimos como o da “fuga aos impostos” (?) – e eu que julgava ser o sindicato de todos os professores – não se revê naqueles cartazes. Ufa!

    Até parece que já apareceu um espontâneo a assumir a criativa autoria dos ditos. Mas quem os paga, afinal?

    Tenho 40 anos de docência. Fiz as greves que entendi fazer e integrei as manifs que entendi, quando entendi e como entendi. Também eu pugnei por uma classe docente respeitada e com as suas justas reivindicações aceites.

    Provavelmente e segundo alguns, serei um dos “porcos do sistema”. Talvez por não alinhar no monturo onde alguns têm o direito de refocilar…

    Um dos Andrés, o do sindicato, veio ao ataque acusando o primeiro-ministro visado de estar a capitalizar a polémica da Régua. Até me fez lembrar aquela “madama” que aconselhava a leviana filha “Candidinha, chama-lhe p…, antes que te chame a ti…!”
    Nesta nova vaga de políticos, uns, como varredeiros de rua, querem limpá-los a todos, para lá pôr, decerto, o seu impoluto esquadrão; outros, mais letais, refinam a espetar-lhes lápis nos olhos.

    Estes missionários, lutando para salvar a Nação e a classe, por certo já se salvaram a si próprios. Agora, só precisam de troar estrepitosamente com as trombetas da Verdade, da verdade deles, aquela que os tirou do anonimato e os plantou na crista da onda…

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