Precisamente na semana em que os responsáveis da banca diziam haver uma diminuição significativa do volume de depósitos e em que queixavam de haver um levantamento de numerário acima do normal, o governo anunciou a suspensão da série mais rentável dos Certificados de Aforro.
Com uma rentabilidade de 3.5% brutos, eram 4 vezes mais lucrativos do que as aplicações da banca, que apenas rendiam 0.9%.
Um pouco mais de racionalidade dos bancos nacionais não lhes ficava mal, se olharmos aos lucros fabulosos que registaram e ao valor das taxas e comissões que cobram por qualquer serviço prestado.
Aguardam-se orientações do Banco de Portugal, enquanto regulador do sistema financeiro. Se houve um período em que, indirectamente, os contribuintes, “salvaram” os bancos, um gesto de boa vontade era expectável. No entretanto, ficou prejudicada a classe média, os pequenos aforradores, que era quem se servia deste produto, para lá canalizando as suas poupanças, sendo que os ricos não se dão a estas canseiras.
E entrementes, ficou o governo com a cara enfarruscada por não se livrar do juízo de ceder às pressões da poderosíssima banca que se ia vendo mais prejudicada na sua actividade.
Qualquer mortal tem essa percepção, e o tempo escolhido para o anúncio da decisão também não ajudou a um juízo contrário.
Ceder às pressões dos mais fortes, não é acto de que um governo se possa vangloriar, nem o melhor cartão de visita que possa apresentar…