Enquanto a crise consumia os dois palácios, reduzindo a paz a cinzas, o Governo, brincando às descentralizações, dançava o vira no Minho e o PR ia até à Londres, mostrar-se à monarquia reinante.
Enquanto isso, a classe secante dos comentadores políticos transpirava em cenários e especulações, deambulando por entre a bomba atómica e a bomba estratégica, sabendo de antemão que era esta última que iria prevalecer, dando a zanga em amuo partilhado.
A nenhum dos pimpões interessa uma crise à séria, porque ambos sabem que perderiam pontos junto da opinião pública. O triste de tudo isto é que a nenhum se ouviu uma palavra, nem um pingo de preocupação, sobre a nova subida das taxas de juro do BCE, que, aumentando as prestações da casa, vai garrotear ainda mais grande parte das famílias portuguesas.
A alta política não desce ao terreno do povo, não se mistura com o pó e com o suor, não quer saber de dívidas à banca ou na farmácia, vive melhor na intriga e no mundo virtual.
A alta política é interesseira e egoísta, vive de maneirismos e ademanes. E, parecendo o contrário, não é nada confiável.