Os paradoxos da especulação

O que sei é que aqueles que constantemente aumentam os preços – combustíveis incluídos – na sua ávida ganância, parece não terem percebido uma básica premissa: os preços sobem, o consumo retrai-se…

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  • 10:50 | Terça-feira, 02 de Maio de 2023
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Distante vai o tempo em que “especular” era ver-se ao espelho…

No domínio da economia e na voracidade dos mercados, surge a especulação ilícita de preços que consiste, basicamente, em “vender bens ou prestar serviços por preços superiores aos permitidos pelos regimes legais a que os mesmos estejam submetidos” –  (artigo 35.º, do Decreto-lei n.º 28/84, de 20 de Janeiro).

Dizia-me hoje um amigo: “Aqui há uns tempos ia-se a uma grande superfície, ao domingo de manhã e não se cabia lá dentro. Agora… há mais empregados que clientes!”


 

 

Não juro pela completa veracidade desta constatação. Cada vez vou menos às grandes superfícies, privilegio o comércio local e, quando lá me arrisco e atrevo a ir, aproveito uma hora “morta”, durante a semana.

O que sei é que aqueles que constantemente aumentam os preços – combustíveis incluídos – na sua ávida ganância, parece não terem percebido uma básica premissa: os preços sobem, o consumo retrai-se…

Ou seja, perante a absurda disparidade entre salários e recorrentes aumentos de preços, eu e muitos leitores, racionalizamos as nossas compras, cingimo-nos ao essencial (e às vezes nem isso), optamos por alternativas plausíveis – quando as há – e, eventualmente, começamos a ter carências por falta de capacidade em acompanhar a escalada incessante dos preços.

O mesmo acontece, por exemplo, com os combustíveis em recorrente subida. Hoje, circula quem precisa de o fazer para ganhar a vida. Os passeios de automóvel, o lazer, as deslocações turísticas, cada vez são mais ponderadas e, na maioria das vezes, descartadas por falta de dinheiro para as fazer.

Em suma, acredito que com preços normalizados (o que quer que tal seja, hoje em dia) o consumo normalizar-se-ia e quem vende acabaria por ganhar mais pela quantidade de produto vendido, não pela insensata ambição de tudo querer ganhar de uma assentada.

 

 

 

 

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Publicado em Opinião