Inês Alexandre é empreendedora e activista. Duas virtudes que rareiam e que, quando abraçadas, poderão dar frutos reconhecidos e apetecíveis. E ainda tem a qualidade de ser jovem, com as virtudes e os defeitos que esse estado de graça comporta e arrasta.
Acontece que, por essas e outras qualidades, foi nomeada assessora da ministra do Trabalho e da Segurança Social para a área que mais domina, a inovação e o empreendedorismo, questões que estão na moda e que seduzem quem quer ser, ou parecer, diferente.
Nos dias de hoje, é meio cartão de visita e meia carta de recomendação para uma empresa ou para um lugar público. O resto, logo se verá.
Preocupada com a questão da habitação, em entrevista a uma emissora de rádio, defendeu a ocupação da ponte 25 de Abril com tendas, até os manifestantes serem ouvidos, provavelmente, por uma assessora, porque ministro não recebe manifestantes “insurrectos” e em desordem.
Pena que não tenha sido recrutada para o ministério da Habitação onde decerto faria tremer a titular, substituindo-a até, mercê das propostas inovadoras, que julga ter.
Ambos foram ousados, ambos romperam muros, ambos foram algo imprudentes. Não pagamos a governantes, muito menos a assessores, para fazerem aquilo para o que o coração os puxa, mas antes para aquilo que o país exige…e espera.
Que a sr.ª dr.ª refreie os seus impulsos, é o mínimo que o fardo lhe impõe, aguardando, entretanto, que os anos lhe dêem o que, naturalmente, parece ainda não ter.
Pelo arrojo, merece escrutínio o desempenho desta jovem e desempoeirada senhora. E veremos até onde vai a inovação, ou se ela fica presa nos espartilhos em que todo o poder é fértil. Dominada e esquartilhada pelo lobbies e pelo aparelho.
(Fotos DR)