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Porém, haverá autarcas que mesmo sabendo do escrutínio público dos seus actos, têm a ousadia de cometer uns rasgos de voo largo. Ou então, em boa Verdade (a única e legítima, porque a má verdade é pior que a mentira) terão cabal e plena justificação para os seus actos, por mais estranhos e até bizarros que possam parecer ao comum dos mortais.
Isto dito, a Câmara de Almada, por ajuste directo (esse flagelo público) adquiriu à Ourivesaria Coimbra, 98 (noventa e oito) relógios pela quantia de 63.792,00 €. Celebrou o contrato no dia 26 de Maio do corrente.
Uma rápida pesquisa diz-nos que o presidente da Câmara de Almada se chama Joaquim Estevão Miguel Judas, nasceu em Évora, vive em Almada e é médico. Mas isto é uma mera curiosidade biográfica, até e porque esta peculiar aquisição pode nem ser de sua lavra.
Uma elementar conta de dividir revela-nos que, sendo todos os relógios iguais, cada um custou 651€.
Não sendo um Breguet ou um Jaeger le Coultre, já não é má peça…
E pronto. Mais não nos é dado a conhecer deixando-nos no campo da conjectura e a pensar que talvez tenham feito 50 anos de casa 98 funcionários e, a autarquia reconhecida, comprou os ditos cujos e mandou gravar no verso uma mensagem para nunca mais esquecer. Outra possível alternativa: trata-se de relógios de ponto para os variados serviços do Município. Em derradeira instância, a edilidade comprou relógios para todas as torres de igreja do concelho…
Não houve um presidente de uma associação nacional com 308 membros, que um rico dia deu a cada um deles um tablet última geração? Muitos dos receptores nem sabiam como e onde ligá-lo… Mas o progresso começa nestas pequenas coisas, não é?
Só um minúsculo pormenor destoa: De quem são, afinal, estes dinheiros públicos?
Post scriptum: Um polvo (molusco), de seu científico nome “Octopoda”, só tem 8 pés e com 100 pés só conhecemos a centopeia …