É extraordinário como um presidente de câmara, que não teve maioria absoluta, vem para a praça pública dizer que a oposição não o deixa governar. Tal comportamento só se verifica nos políticos fracos, só se indica em antigos alcaides que em vez de assumirem a sua função se transformavam em lamurientos seres.
Quem anda na política há algum tempo já adivinhava um golpe de teatro do género. Como Moedas, apesar de já ter cumprido um ano de mandato e ainda não se ter feito sentir nas coisas que importam, precisa de um bode expiatório.
Houve quem pensasse que a equipa precisava de algum tempo. Também era essa a nossa opinião. Diremos mais, a equipa precisava de fazer as suas turmas nas empresas municipais e nos serviços internos. Mas, depois de tudo isso feito, não há uma só coisa que se veja.
Bem, estaremos a ser injusto, há uma coisa – os passes gratuitos. Mas isso, sendo uma proposta de Moedas, só foi possível fazer porque o PS deixou os cofres cheios de dinheiro e Moedas desata agora a gastar.
Mas Lisboa está a ver aproximar-se a grande Jornada de Juventude. E o que fez Moedas? Andou meses a regatear uns cêntimos, numa câmara que tem um orçamento maior do que três quartos dos ministérios. É tudo mau demais!
Moedas abriu a campanha de 2025. Já vimos de tudo. Muitos autarcas fazem os mandatos a empurrar com a barriga. Moedas não empurra com a barriga porque não sabe nem pode.
Vamos ter agora a lengalenga – a oposição não nos deixou fazer nada.
Olho para o Partido Socialista e antecipo as autárquicas próximas. Terá, com toda a certeza, um candidato muito forte, conhecedor, competente. Terá todas as condições para uma grande coligação com os partidos de toda a esquerda, os ambientalistas e os movimentos sociais que se vão revelando. É por isso que não é recomendável entrar no jogo de Moedas.
A cada votação do PS na Câmara Municipal o argumento amplia-se e ganha forma. Um enquistamento perante cada blague de Moedas é um mau caminho.
Se fosse possível aconselhar o PS de Lisboa sobre alguma coisa, nós diríamos – votem a favor de tudo. Mesmo assim, Moedas é tão mau que ele próprio tropeçará nos seus próprios medos.
Há, porém, um desafio que Davide Amado e o PS vão ter de assumir – sair de dentro das quatro linhas do PS e começar a fazer cidade desde já. Lisboa tem jardins de sobra onde se podem fazer conversas com as pessoas, tem tempo magnifico em que se pode passear para ouvir, tem todas as ferramentas para se fazer uma ligação direta aos problemas. Que ninguém se fique. O PS não voltará os Paços do Concelho se olhar só para dentro.
Que, por essa altura, se não lamentem pelo facto de terem sido o pior executivo municipal da democracia de Abril.
(Fotos DR)