Só 2% dos portugueses estão filiados em partidos, e 4 em cada 5 estão inactivos. Três quartos são homens da classe média, licenciados, e os dois maiores partidos têm maior penetração no funcionalismo público e o CDS no sector privado.
Muito embora a democracia não se esgote nos partidos, nem encontre neles as suas maiores virtudes e bênçãos, estes números mostram o desinteresse e o afastamento dos portugueses relativamente à militância partidária.
Tenho para mim que muito por desencanto e desilusão com o que lhes aparece pela frente, desde os procedimentos aos figurantes. Deixaram de neles se rever, reduzindo a sua participação ao acto de votar.
Na oposição, os partidos são enérgicos, irrequietos, bulhentos, generosos nas promessas, algo criativos, e têm propostas alternativas, gordas as mais delas. Sentados no poder, viram as casacas, tornam-se arrogantes e prepotentes, donos da razão, surdos ao contraditório, desculpando-se com a herança para faltarem ao prometido, e tornam-se circunspectos e taciturnos, sempre ocupados.
Nem em todos será sempre assim, mas tudo isto afastou gente séria e comprometida com a causa cívica, mas que não está disponível para embarcar em acefalismos, destes instrumentos de poder, também elevadores sociais, que, às cegas e a todo o custo, procuram o mando.
O que se conhece do funcionamento dos partidos, torna-os peças da democracia, nada apetecíveis, nada atractivos, muito fechados, avessos a ouvirem, nos seus órgãos opiniões divergentes, e pouco recomendáveis para quem não tem jogo de cintura nem está disponível para vender a alma ao diabo em troca de seguidismos balofos de chefes fátuos, insuflados com as correntes de ar que pesponteiam os corredores do poder.
(Fotos DR)