Este governo avança e recua nas suas medidas de acordo com a reacção pública por elas suscitada. Se e quando não dão conta e ninguém fala sobre o assunto, aprovam e implementam. Se é provocada agitação, recuam.
O caso das repartições de finanças é disso exemplo. Noticiou-se a intenção de encerrar aproximadamente 150 repartições por todos o país (lembramos que há 308 autarquias). No distrito de Viseu, que tem 24 autarquias, seriam 17 ou 18 aquelas que fechariam.
O fecho de serviços um pouco por todo o lado traz as consequências que já todos nós conhecemos, sendo a mais grave aquela provocada nas zonas do interior a idosos e outros utentes dotados de deficiente mobilidade que terão de se deslocar a outros concelhos. Mas também nas cidades, basta ir a uma repartição pública para perceber que está uma manhã ou uma tarde perdida nas longas listas de espera. Assim o país avança… a passo de caracol, quando não é de caranguejo.
Perder um cidadão 5 horas para tratar de um inócuo mas necessário documento é vulgaríssimo (somos um país muito burocrata). Anunciam a informatização dos serviços. Porém, logo depois se percebe que 80% dos utentes não consegue lá entrar por generalizado entupimento e deficiência dos programas que são exemplarmente inadequados à dimensão das necessidades.
Agora, uma semana antes das eleições, o governo vem recuar no encerramento das repartições com aquela sua conversa idiota do « não é bem assim, afinal não se vão encerrar, vão-se transformar » paulatinamente, em quiosques do tipo Loja do Cidadão.
Entretanto, aproveita também para alimentar a caça à coima passando o cobrador do imposto a receber 5% do montante das cobranças coercivas de processos de execução fiscal instaurados em 2013 pelos serviços da AT. O diploma tem data de 14 deste mês. Como já aqui noticiáramos que o afã das forças policiais resultava também, parcialmente dos 20% da coima que ficam para a entidade autuadora, 60% para o Estado, 20% para a entidade instruidora do processo…
No fundo, um incentivo puro e duro à extorsão ou uma tentativa de moralização pela coacção e pela força. Basta ir um cidadão a 60 km/h na Avenida de duas faixas – uma longa recta – que liga o Palácio do Gelo à Auto Sueco, em Viseu, não porque é corredor de automóveis, mas porque é uma velocidade aceitável, sem perigos para ninguém e que qualquer veículo atinge em cruzeiro, para contribuir com 120 € para um Estado falido que já não sabe mais onde há-de ir roubar os portugueses. Dura lex sed lex… e então quando a dura lex enche o saco rôto …
Nota :
Nunca foi multado por excesso de velocidade em mais de 30 anos. Enorme sorte a minha? Talvez… Ainda ontem rolava a 50 km/h na circular externa de Viseu quando fui ultrapassado por um veículo policial que deveria seguir a mais de 100 km/h, com 3 agentes lá dentro e sem nenhuma sinalização luminosa ou áudio obrigatoriamente indicadora de urgência…
Excesso de zelo? Iriam atrás de um “criminoso” que tinha violado os 50 km/h?