As mesas de Putin

A metáfora da mesa, basicamente, significa: estou distante de ti, das tuas ideias e das políticas que preconizas. Aqui mando eu como czar e senhor e tu és uma insignificante e desprezível criatura que faço o favor de receber e que quero longe de mim  e das políticas que defendo.

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  • 10:52 | Quinta-feira, 28 de Abril de 2022
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Enredado numa encenação digna do teatro de Bolshoi, Putin vai entretecendo as suas coreografias de acordo com as conjunturas, transmitindo simbolicamente mensagens de proximidade e distância segundo as circunstâncias e os “actores”.

No seu jeito arrogante, pedante e autocrata, grosseiro enquanto anfitrião, recebeu à distância Guterres, Macron e Scholz, líderes mundiais que o procuraram com vista a cessar as hostilidades com a Ucrânia, numa sala do Kremlin, sentados a uma mesa oval com 6 metros de comprimento, trazendo-nos à cabeça a imagem do “muro” da separação, matéria em que a Rússia dá cartas desde o fim da II Grande Guerra.

 

O ex polícia da iníqua KGB erigido a presidente da Rússia, na mesquinhez crónica e cínica do seu agir, como um novo rico ancho de poder mas parco de princípios e de humanidade, usa estes estratagemas para mandar mensagens ao mundo do seu totalitarismo e da sua soberania despótica.


 

 

A metáfora da mesa, basicamente, significa: estou distante de ti, das tuas ideias e das políticas que preconizas. Aqui mando eu como czar e senhor e tu és uma insignificante e desprezível criatura que faço o favor de receber e que quero longe de mim  e das políticas que defendo.

Logo à partida Putin quer vincar a mensagem do falhanço de quaisquer negociações e diz aos líderes do Ocidente: não quero nada convosco. Quero-vos longe de mim.

Poderíamos até conjecturar ter Putin alguma fobia, doença contagiosa ou mau-cheiro… Mas não, pois com os seus émulos senta-se quase joelho com joelho, ou biqueira com biqueira…

 

 

 

(Fotos DR)

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Publicado em Opinião