O mortífero desespero russo

Estes actos censórios próprios das mais cruas ditaduras são a mais evidente prova de que a verdade não assiste ao governo de Putin e que os seus actos devem ser a todo o custo ocultados do povo russo, diariamente bombardeado com a desinformação e as “fake news”, do tipo das usadas pelo ministro da propaganda nazi, Joseph Goebbels, entre 1933 e 1945.

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  • 11:45 | Terça-feira, 22 de Março de 2022
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Poderosos com as sofisticadas armas, na arrogante e criminosa forma de matar civis, idosos, mulheres e crianças, enquanto barbaramente vão arrasando as cidades da Ucrânia, umas atrás das outras, os governantes russos, cientes de que afinal esta invasão não eram figos contados, começam a disparar através da comunicação social.

Comunicação social unilateral, claro está, feita num país há muito arredado dos mais elementares princípios democráticos, com crescente agravamento desde 2012, ano em que Putin, o ex-chefe dos serviços secretos soviéticos e russo, KGB e FSB, foi eleito.

Controlando todos os meios de comunicação, jornais, rádios e televisões, acabou por proibir aqueles que estavam fora do alcance da sua censura, nomeadamente as redes sociais, FB, Twitter e Instagram, depois de bloquear os sites independentes Ekho Moskyy Radio, The Village, TV Rain, Taiga, Doxa, etc., deixando espaço único de difusão de notícias a órgãos alinhados como o Sputnik e a RT/Russia Today, levando Josep Borrel, alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança a escrever: “As ações sistemáticas de manipulação de informações e de desinformação por parte do Kremlin são usadas como instrumento operacional na sua agressão à Ucrânia.”

Estes actos censórios próprios das mais cruas ditaduras são a mais evidente prova de que a verdade não assiste ao governo de Putin e que os seus actos devem ser a todo o custo ocultados do povo russo, diariamente bombardeado com a desinformação e as “fake news”, do tipo das usadas pelo ministro da propaganda nazi, Joseph Goebbels, entre 1933 e 1945.


Vem agora ao ataque Dmitri Medvedev, dirigente do conselho de segurança da Rússia, amigo íntimo de Putin, apontando as armas verbais ao governo polaco, inexcedível no acolhimento de refugiados ucranianos, por tal tornado “inimigo figadal”, acusando-o de ser “vassalo dos Estados Unidos”, “crítico malvado da Rússia”, “uma comunidade de imbecis” (…) usando “uma retórica enganosa e repugnante” com “chamas do ódio acesas contra a sua inimiga, a Rússia” e aumentando “a russofobia patológica” visando a “desrussificação da economia polaca e europeia”. E vai por aí fora, num galope desenfreado, não poupando também Joe Biden, presidente dos EUA, com indirectas do tipo: “senis marionetistas estrangeiros” e “líderes dementes do estrangeiro”.

Enfim, esta escalada de insultos teve o seu ponto mais duro e agressivo quando Biden acusou Putin de ser “um puro bandido” e um “ditador assassino” (…) “a travar uma guerra imoral contra o povo da Ucrânia”, numa linguagem que não nos lembramos de ouvir saída da boca do líder de uma das maiores potências mundiais contra outro líder de igual quilate, evidenciando a ruptura total entre ambos e o completo fracasso da diplomacia.

 

 

(Foto DR)

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Publicado em Editorial