No jornal “Público” do passado dia 4, na sua coluna habitual, “O ruído do mundo”, o social-democrata José Pacheco Pereira fazia uma lúcida reflexão acerca daqueles que “cada vez mais assumem lugares de relevo nas estruturas partidárias”.
Escrevia acerca dos cidadadãos “cuja única actividade e profissão é obtida pela influência interior nos partidos, e cujas carreiras não dependem um átomo da sua influência social, seja cultural, seja profissional, seja político.”
No fundo e conjecturalmente, o cronista, com a sua sagacidade de sempre fala-nos dos enquistados na política, os que há muito perceberam que aí têm a única e ajeitada escada para trepar, aqueles que exteriores aos arranjinhos circunstanciais e de oportunidade nunca vingaram em sector algum fora deste opaco meio onde exercem, além do “culambismo”, a subserviência do oportunismo.
E é esta a sua “evolução”, fruto de uma coluna suficientemente maleável para aparentarem hipócrita humildade perante os poderosos e desmedida arrogância perante os submissos.
Os decisores políticos, esses, com louváveis excepções, convivem bem com a mediocridade e alguns até temem ter pessoas competentes em lugares de responsabilidade, talvez por se sentirem afrontados, ou pela básica vontade de distribuir o bodo aos pobres, acolhendo aqueles que são ou se tornam em “funcionários políticos cujas preocupações dominantes são o emprego, a carreira e as promoções. Nem ideologia, nem política e muito menos o país.” voltando à acutilância de JPP.