O Rio é um Senhor

Foi assertivo em vários pontos, nomeadamente no das alianças. Se com o Chega, estão fora de questão, com o PS são possíveis, para que o país não caia na ingovernabilidade. Isto, claro está, se o PSD não sair vitorioso das eleições de 30 de Janeiro e o PS tiver a capacidade de procurar à sua direita o mais poderoso aliado de sempre, gerando um novo Bloco Central, como o que formou o IXº Governo Constitucional, a 9 de Junho de 1983, tendo Mário Soares como primeiro-ministro e Carlos Mota Pinto como vice-primeiro-ministro.

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  • 11:41 | Quinta-feira, 11 de Novembro de 2021
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Rui Rio foi ontem entrevistado na RTP. Como é de seu hábito, não fugiu a temas controversos nem deixou de passar com clareza a sua mensagem, mesmo e se, de acordo com os “complexos” cânones actuais, esta fosse aqui e ali desalinhada do politicamente correcto, ou hipocrisia de facto.

Foi assertivo em vários pontos, nomeadamente no das alianças. Se com o Chega, estão fora de questão, com o PS são possíveis, para que o país não caia na ingovernabilidade. Isto, claro está, se o PSD não sair vitorioso das eleições de 30 de Janeiro e o PS tiver a capacidade de procurar à sua direita o mais poderoso aliado de sempre, gerando um novo Bloco Central, como o que formou o IXº Governo Constitucional, a 9 de Junho de 1983, tendo Mário Soares como primeiro-ministro e Carlos Mota Pinto como vice-primeiro-ministro.

Rui Rio, com sentido de estado, mais preocupado com o país do que com as guerrilhas internas protagonizadas por Paulo Rangel, abriu a porta a um entendimento e propôs uma solução alternativa à “geringonça”.

Mas também não deixou de abordar o “tema Rangel”, com firmeza e objectividade, em quatro macro pontos.


Primeiro ponto: Segundo Rio, Rangel não tem a necessária preparação para ser primeiro-ministro, tão pouco a experiência exigida, por Rio detida como líder do PSD há anos.

Segundo ponto: Perante a incontestável ansiedade demonstrada por Rangel em ser o líder do PSD, Rio entende que “querer muito ser líder não é bom”, no entendimento que “ser líder é uma missão” e não um estado de espírito circunstancial.

Terceiro ponto: Se o PS ganhar as legislativas de 30 de Janeiro sem obter uma maioria absoluta, a intransigência de Rangel, com a sua postura muito “centro-direitista” e a recusa de quaisquer putativas alianças com a inultrapassável “linha vermelha” que preconiza, será um factor de desequilíbrio político e de ingovernabilidade, com as consequências daí decorrentes para o país.

Quarto ponto: Perante os resultados de Janeiro próximo e no entendimento de que Portugal não pode ficar em “stand by” durante seis meses, Rio não compreende o fundamento daqueles que criticaram o PS “por ter falado só à esquerda”, e que agora mantêm uma postura de radical recusa de soluções, no fechamento ao centro-direita, do tipo irredutível “mas comigo nem conversa”.

Foram estas as quatro curtas farpas desferidas ao seu correligionário e mais feroz opositor. Para a semana a RTP entrevistará Rangel, que tem, deste modo, tempo suficiente para acirrar a sua retaliação.

 

(Foto DR)

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Publicado em Editorial