Rui Rio foi ontem entrevistado na RTP. Como é de seu hábito, não fugiu a temas controversos nem deixou de passar com clareza a sua mensagem, mesmo e se, de acordo com os “complexos” cânones actuais, esta fosse aqui e ali desalinhada do politicamente correcto, ou hipocrisia de facto.
Foi assertivo em vários pontos, nomeadamente no das alianças. Se com o Chega, estão fora de questão, com o PS são possíveis, para que o país não caia na ingovernabilidade. Isto, claro está, se o PSD não sair vitorioso das eleições de 30 de Janeiro e o PS tiver a capacidade de procurar à sua direita o mais poderoso aliado de sempre, gerando um novo Bloco Central, como o que formou o IXº Governo Constitucional, a 9 de Junho de 1983, tendo Mário Soares como primeiro-ministro e Carlos Mota Pinto como vice-primeiro-ministro.
Mas também não deixou de abordar o “tema Rangel”, com firmeza e objectividade, em quatro macro pontos.
Primeiro ponto: Segundo Rio, Rangel não tem a necessária preparação para ser primeiro-ministro, tão pouco a experiência exigida, por Rio detida como líder do PSD há anos.
Segundo ponto: Perante a incontestável ansiedade demonstrada por Rangel em ser o líder do PSD, Rio entende que “querer muito ser líder não é bom”, no entendimento que “ser líder é uma missão” e não um estado de espírito circunstancial.
Quarto ponto: Perante os resultados de Janeiro próximo e no entendimento de que Portugal não pode ficar em “stand by” durante seis meses, Rio não compreende o fundamento daqueles que criticaram o PS “por ter falado só à esquerda”, e que agora mantêm uma postura de radical recusa de soluções, no fechamento ao centro-direita, do tipo irredutível “mas comigo nem conversa”.
Foram estas as quatro curtas farpas desferidas ao seu correligionário e mais feroz opositor. Para a semana a RTP entrevistará Rangel, que tem, deste modo, tempo suficiente para acirrar a sua retaliação.
(Foto DR)